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Fundação de Roma: A Lenda

PEQUI: Um fruto que se come e que cura!

sábado, 25 de dezembro de 2010 · 0 comentários

PEQUI: Um fruto que se come e que cura!

Amigos recantistas, na falta de tempo para os textos poéticos, já que estou preparando uma revista sobre sobre meio-ambiente ainda para este dia 05, achei interessante mandar para vocês esta matéria que será nela editada...

Abraços e segunda ou terça mando a redação sobre o que será o "Parque Arqueológico e Natural da Serra de Monte Alto", cuja Unidade de Conservação Auto-Sustentável deverei fazer parte como membro da ONG "Proteção e Revitalização Integrada e Sustentável da Srra de Monte Alto - PRISMA" - Vocês estão sabendo disto antes do Jornal Nacional!!! (risos)

No parque temos inscriçoes rupestres de uma população megalítica que ali habitou, calculadamente entre cinco e dois e meio mil anos passados, que coonstruiu um surpeendente alinhamento de 365 pedras, como se fosse um calendário (?), coisas que ainda estão em investigação, uma casa de pedras, um curral de pedras, e fora do parque, já no cerrado de baixo existe um altar de pedra da mesma cultura. Estou separando fotos e organizando um album em PPS leve, para enviar a vocês via e-mail, mas só no final da próxima semana, ok?

Por enquanto vai o meu trabalho sobre Pequi e Pequizeiros...

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PEQUI: UM FRUTO QUE SE COME, SE BEBE E COM ELE SE CURA!

Conhecido “por suas múltiplas utilidades, os pequizeiros estão “chorando” nas carvoeiras dos cerrados”.

Texto: Seu Pedro / Pedro Diedrichs
Jornalista DRT/BA 398

* Matéria ATUALIZADA, editada originalmente na revista Integração (Bahia) edição 31 – fevereiro de 1997...

Prevista edição para edição do jornal Vanguarda (Bahia) edição 127 - 15 junho de 2007.

“Não há comprovação científica da origem dos pequizeiros, mas sabe-se que estão presentes nas margens do rio Araguaia e nas regiões das gerais da Bahia, Goiás e Minas Gerais, havendo uma máxima que une as regiões: Foi Deus que presenteou ao homem com a árvore da vida!”
Os pequizeiros, como tantas outras árvores nativas, estão sendo queimados nos fornos de produção de carvão, e as toras quando liberam suas resinas emitem o som de choro em milhares de carvoeiras escondidas no cerrados brasileiros.
Cada árvore que tomba é uma súplica para que não seja extintas as espécies, no caso do pequizeiro; árvore da família botânica das cariocariáceais – do tupy – piki’a (caryocar brasiliense).
Tão úteis ao sertanejo, dos pequizeiros saem o alimentos, bebidas, remédios caseiros, sabão artesanal, corantes para tecidos, iscas para peixes e tortas para alimentação do gado.
Em linguagem indígena Pequi significa Casca Espinhenta. Sua reprodução se torna difícil pela dificuldade da “quebra da dormência”, ou seja, o rompimento do caroço, ai a germinação pode acontecer entre um até dezoito meses.
Ao menos que homens de boa-vontade se unam e escutem o “choro” dos pequizeiros, a cada safra existirão menos árvores, porque em forma de carvão vegetal seguem para os crematórios das usinas de ferro gusa e outros metais, em Minas Gerais.

DO ARAGUAIA PARA O CERRADO E MUNDO!
De acordo com estudos e depoimentos os pequizeiros são nativos das margens do Rio Araguaia, e teriam sido levados por silvícolas ou homens rudes do passado, que migraram para os cerrados da Bahia (neste caso a Serra de Monte Alto), Goiás (o que hoje incluí o Distrito Federal) e Minas Gerais.
O apelo para preservação e difusão das qualidades do Pequi já atravessaram divisas geográficas nacionais e até o Oceano Atlântico, chegando à Inglaterra em forma de tese de doutorado na Universidade de Oxford.
Mas, no Sertão, justamente onde os pequizeiros deveriam estar preservados e protegidos pelos habitantes locais, a maioria das pessoas se fazem de surda e os destroem, ou permitem destruí-los impiedosamente.

A GRANDESA DO PEQUI
A Árvore do Pequi atinge em média 3,5 de diâmetro de copa, quarenta centímetros de espessura em seu troco, e produzindo um pequizeiro entre quinhentos e três mil frutos a cada safra, equivalente a quinze sacas de quarenta quilos cada.
Mas a grandeza do pequi não está em seus números, mas em suas qualidades. Conhecido como “carne dos pobres”, ou “maná do cerrado”, o pequi está anualmente presente nas feiras sertanejas nos períodos de novembro a fevereiro e embora aos vendedores custe apenas ir as Gerais e colher os frutos no chão, o preço da dúzia de caroço gira em torno de R$ 2,00, o que não chega a desencantar os que apreciam a sua culinária.

LEI DE PRESERVAÇÃO:
Existe no Brasil uma Lei Federal de proteção e preservação dos pequizeiros, mas ela se restringe ao Parque Nacional do Pequizeiros, em Planaltina, Distrito Federal, no entanto é requerida por ONGs ambientalistas a proteção da Lei para ás árvores de outros sítios, com isso criando uma punição mais dura aos que se utilizarem dos pequizeiros para, por exemplo, produção do carvão.
Com a atuação em toda a Região do Cerrado, sediada em Montes Claros, MG, existiu primeiramente a Associação de Proteção do Pequi, reconhecida pela ONU, que tem como sucessora a Associação Protetora do Pequi, com novos estatutos e organização registrados em 2001, presidida hoje pela ambientalista Maria Beatriz Gomes de Souza. Em Goiás também há entidades de proteção ao pequizeiro.

USO NA ALIMENTAÇÃO:
A riqueza do pequi como alimento pode ser avaliada pelos seguintes tópicos; É o fruto com maior teor de Vitamina A (retinol); em Vitamina B-1 (tianina) é igual ao caju, morango, jenipapo e mamão; em Vitamina B-2 (ribeflavina) é igual a uma gema de ovo; em Teor Protéico é igual ao abacate e a banana prata; em gordura é igual ao abacate e o buriti; em açúcar comparasse a jabuticaba e a uva; em cálcio é igual ao caju, maracujá e a laranja; em ferro é igual ao tomate; em cobre é igual ao amendoim, figo e uva.
O óleo do pequi também é próprio ao uso culinário e pode substituir o dendê em no preparo de algumas iguarias. A força alimentar do pequi é tanta, que há um estudo pela Pastoral da Criança do Norte Mineiro, em que foi concluído que durante a safra do pequi, a desnutrição infantil no Cerrado chega a ser reduzida em mais de cinqüenta por cento. Ocasião em que às crianças ficam mais resistentes às doenças típicas da região.
Para que o pequi chegue à mesa do sertanejo, como alimento rico, em todos os dias do ano, há uma proposta para que sua massa seja granulada a partir de cozimento, raspagem da massa (polpa) amarelada, secagem em estufa, transforma-lhe em farinha acrescentada com anti-mofo ou tanino natural (a partir da banana), juntar a uma massa liga de amido de milho e óleo do pequi, passar em uma máquina de granular, (artesanalmente em um moedor de carne esfera de furos finos), secar e embalar á vácuo*.
Experiência feita artesanalmente pelo jornalista Seu Pedro (Pedro Diedrichs) em um período de dois anos, armazenado em lugar a sombra longe de umidade ou calor excessivo, havia massa para uso culinário com perfeito sabor. Há que armazene os caroços de pequi com a polpa em congelador, mas com risco de perda do sabor “morto pelo congelamento”.

NA MEDICINA POPULAR:
Na medicina caseira o pequi é utilizado na preparação de emulsões para tratamento de doenças respiratórias e definhamento do organismo, mas ainda sem comprovação cientifica.
Para uso tópico com o pequi é preparado um bálsamo a ser aplicado em reumatismo, inchaços e machucaduras. Até a década de quarenta os farmacêuticos manipuladores utilizavam óleo de pequi em algumas fórmulas medicamentosas.
Das folhas do pequizeiro, após uma secagem natural ou em estufa, é preparado um chá restaurado das funções hepáticas, como também para um rápido alívio das ressacas pós-ingestão de bebidas alcoólicas. O mesmo chá, um pouco mais forte, serve para regular o fluxo menstrual da mulher.
Pontas de raízes socadas com pilão e postas em maceração (fusão) em uma solução meio a meio de água e álcool, é remédio para os rins. As raízes também servem como excelente isca para pescaria.
O uso de folhas secas de pequizeiros na defumação de alimentos, principalmente em tenras aves e peixes, os dão exótico sabor!

DELÍCIAS DA CULINÁRIA DO PEQUI:
O pequi é usado em saborosos pratos da culinária regional, bem como em outras receitas sofisticadas, a exemplo do “Lombinho de Pequi”, elaborado de uma farofa da amêndoa do pequi (a parte branca do caroço) duas partes de carne bovina e uma parte de porco magra, moídas, temperos e sal a gosto (não use pimenta do reino), e liga de ovos e farinha de rosca.
Preparo: Junte tudo em uma vasilha e manualmente misture bem, até ficar uma massa de consistente e com liga. Modele em forma de lombinho e coloque em uma assadeira untada, assando em forno moderado sempre regando com uma solução de água e óleo de pequi. Sabor exótico!
O arroz com pequi é o prato mais conhecido. Preparado de diversas maneiras o “arroz com pequi” tem uma quantidades de pratos premiados em concursos que acontecem em regiões onde sua culinária é difundida. Ver abaixo sobre uma receita premiada em segundo lugar no “6ª Festa Nacional do Pequi”, na cidade de Montes Claros, Janeiro de 1994, elaborada pelo autor deste texto, entre 33 outras inscritas.
O sertanejo cozinha os frutos diretamente na panela do arroz, entretanto para maior suavidade e aproveitamento do sabor, o fruto pode ser cosido em água separada, que após será utilizada uma parte no cozimento do arroz após ser refogado como é tradição.
Da amêndoa branca são preparados doces e paçocas puras ou associadas a outras castanhas, a exemplo o amendoim. A castanha serve como “crocante” na elaboração do sorvete de pequi. Também bolos e pasteis e pães com massa da polpa amarela de pequi agregada, são deliciosos.
Doce de leite ao qual é adicionada a massa da polpa de pequi é de bom sabor, embora exótico. O sorvete de pequi é um processo idêntico; faz-se um sorvete de baunilha acrescentado um pouco de massa amarela da polpa do pequi na hora de bater.
Os licores podem ser os tintos (amarelado) e os alvos (branco transparente), o primeiro produzido com a póla amarelada, e o segundo pela infusão (maceração) em longo período de castanhas brancas. Ambos são elaborados pela imersão em álcool de cereais (ou aguardente de boa procedência), por longo período.

RECEITA PREMIADA:
(V Concurso Nacional do Pequi / 6ª Festa Nacional do Pequi – Montes Claros, MG).

Cozinheiro: Pedro Diedrichs – Seu Pedro
Data: 28 de janeiro de 1995
Local; Restaurante Chica da Silva (Caminho do Aeroporto).
Classificação: 2º lugar / R$ 100,00
Número de concorrentes: 33

“Arroz à Seu Pedro”

Ingredientes:
02 quilos de arroz polido (não use o parbolisado)
03 dúzias de pequi;
06 ovos de ovos batidos como se fosse para omelete;
01 quilo de charque ou carne de sol magra de primeira, cortado(a) em pedaços pequenos;
500 gramas de bacon magro, em cubinhos;
500 gramas de lingüiça de porco, bem fina, cortada em tamanhos de dois de comprida;
03 cabeças de Cebola raladas;
15 dentes de Alho cortado em cubinhos;
03 folhas de manjericão amassadas;
01 molhe de cheiro-verde (salsa e cebolinha), cortados bem fininhos;
03 pimentões vermelhos cortado em cubinhos;
10 pimentas de cheiro (amarelas);
06 tomates sem semente cortados em cubos;
--- Uma colher de açúcar refinado
--- Folhas de louro;
--- Sal a gosto;
--- Azeite de oliva.

Preparo:
* O arroz deve esse lavado, escorrido e secado ao sol (reserve).
* Utiliza-se três panelas

* Em uma primeira panela se refoga o charque (ou carne de sol) com pouca água até secar, com folhas de louro e manjericão.
* No mesmo momento os pequis estão sendo cozidos em uma outra panela com uma pitada de sal e uma colher de açúcar refinado, e água que os cubra.
* Na panela grande (onde caiba toda a receita / de vinte litros mais ou menos), e onde se prepara o arroz, coloca-se um pouco de azeite de oliva, o bacon, as lingüiça, refogando-os sem água junto à cebola (que vai soltar sumo), o alho e por fim o pimentão vermelho e as pimentas de cheiro. Observe que vá secando sem queimar e que o bacon comece a virar torresminhos.
* O sal use-o mais ou menos se perceber que as carnes (bacon e o charque/carne de sol, não estão ou estão salgados).
* Com um garfo grande vá esfregando bem as pimentas de cheiro contra as paredes internas da panela. Faça isto enquanto os demais ingredientes douram.
* Junte o arroz (já bem seco) e dê-lhe uma rápida refogada, e acrescente água para cozimento, meio a meio, metade da água retirada do cozimento dos pequis, e metade de água pura. Deixe o arroz cozinhar abafado com a tampa.
* Quando faltar pouco para total cozimento (o arroz estiver inchado) acrescentasse os pequis distribuindo-se por toda a panela com uma leve mexida com um garfo grande. Logo a seguir junte os tomates espalhados pela superfície do arroz.
* Quando o arroz estiver já no ponto de apagar o fogo, vá derramando pelos cantos da panela e abafe com a tampa, eles cozinharão com o vapor.
* Ao levar a panela à mesa salpique o cheiro verde cortadinho bem fininho (como cabelos)

OBS, esta quantidade foi preparada para o concurso. Em casa faça uma divisão proporcional dos ingredientes.

TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO E PLANTIO:

Embora o Cerrado seja o eco-sistema ideal para reprodução do pequizeiro, não é descartada a possibilidade de culturas racionais coma intervenção humana, em regiões diferentes desta.
A Indústrias Nucleares do Brasil – INB tem uma bem sucedida experiência em Poços de Caldas, Minas Gerais, onde plantou em uma plataforma rochosa, transformada em parque após o descomissionamento da mina de urânio, mais de uma dezena de pequizeiros, além de outras espécies do cerrado. Para isto perfurou gigantescos buracos na rocha, que foram preenchidos com composição de terras do cerrado; terra vermelha com areia de gerais.
A tese de doutorado do engenheiro florestal Fernando Dantas de Araújo, apresentado na Universidade de Oxford, na Inglaterra, e posteriormente co-autor de “Plantas do nordeste Workshop Geral”, produzido para o acervo do Royal Botanic Gardens, em 1999, aborda os aspectos de étnobotânica (ciência, ligada à Botânica e à antropologia) abre-nos a idéia de que possa, em breve, ocorrer com o pequizeiro o que aconteceu com a seringueira da Amazônia, que até a bem pouco tempo e imaginava que não poderia ser reproduzida em outro eco-sistema, no entanto foi perfeitamente adaptável na Zona da Mata do Estado do Espírito Santo.
Uma outra observação recente é que os pequizeiros que normalmente frutificam no mês de novembro, com safra até início de fevereiro, dada as mudanças climáticas, nos últimos anos com menores incidências, em algumas Gerais já produzem um entre safra nos meses de junho a agosto.

REPRODUÇÃO DOS PEQUIZIROS:
Como para tudo da natureza há explicação, os pequizeiros apresentam dificuldades em sua reprodução, afinal uma safra em que uma árvore de pequi produz milhares de frutos, vamos imaginar se a suas sementes germinassem com a mesma facilidade das sementes de Cajueiro, por exemplo, as Serras Gerais estariam cobertas unicamente de pequizeiros. Assim a natureza as deu um diferente tempo de germinação e sua reprodução demanda paciência pela “quebra da dormência”.
Existem dois métodos conhecidos para a reprodução de mudas de pequizeiros em cativeiro:

MÉTODO RUDIMENTAR:
Se limpa os caroços livrando-os da polpa com o cuidado de não tirar os espinhos; coloca-se para secar por uma semana em local livre de umidade, na sobra e arejado; após põe-se os caroços por vinte e quatro horas na parte debaixo da geladeira (quem não tiver geladeira ponha-os em um tabuleiro de alumínio e em local úmido por quarenta e oito horas); semear em saco plástico a uma profundidade de cinco centímetros com a “barriga” (parte mais fina dos caroços) para cima; regar pelas manhãs sem encharcar, cobrindo-os com palha para manter a umidade. Após a germinação esperar que as mudas se firmem para depois então transplanta-las.

NÉTODO TECNICO:
Retirar a casca mantendo os caroços com a polpa tratando-os com fungicida a base de cobre e zinco; coloca-los para pubar em uma caixa de papelão bem fechadas (o que se dará entre oito a dez dias); após lavar os caroços livrando-os de toda a polpa pubada, com cuidado para não lhe retirar os espinhos; semear em sacos plásticos, ou diretamente em sementeiras, a uma profundidade de cinco centímetros com a barriga para cima, cobrir a superfície com casca de arroz ou grama, regar de maneira sistemática, replantar a muda quando tiverem atingido altura maior do que um palmo.

Observações:
Em ambos os métodos a germinação poderá ocorrer entre um até dezoito meses, com maior volume da “quebra de dormência” entre o quinto e sexto mês. Em média 55% dos caroços resultarão em mudas.
A terra para geminação deve ser vermelha composta com areia de Gerais ou de região ribeirinha. O solo para plantio definitivo deve ter as mesmas características.

CURIOSIDADES:
* As cascas do pequi servem para a produção de sabão caseiro;
* Suas cinzas com alto teor de potássio servem como corante de tecidos nas tonalidades do cinza ao preto;
* A casca também serve como torta para alimentação do gado;
* Com o óleo do pequi e talco se produz um creme contra rugas da pele;
* Diluído em solvente industrial na proporção meio a meio serve com lustra móveis protetor da madeira, afastando cupins.
É bom lembrar que pequi bom é o pequi bom é o colhido no chão...
O colhido no pé pode estar verde e sem qualidade e sabor desejados. Infelizmente muitos não obedecem esta regra, que ao final pode prejudicar o ciclo de produção do pequizeiro naquela safra.

COMENTE POR FAVOR!
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NATAL COM PEQUI!

Vem Natal na mesa do sertanejo,
é uma festa diferente e só aqui,
pode ter leitão e frango assado,
mas não faltar arroz com pequi!

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CONHECENDO UM POUCO DE RONDONÓPOLIS E SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS

domingo, 7 de novembro de 2010 · 2 comentários

CAPÍTULO I

Índios Bororos

Rondonópolis é um município que está situado na região Sudeste de Mato Grosso. Tem uma extensão territorial de 4.165 km2, e atualmente possui uma população aproximada de cento e oitenta mil habitantes.

A região de Rondonópolis inicialmente era habitada pelos índios da tribo Bororo dos quais ainda hoje existem alguns remanescentes. Segundo estudos feitos sobre a origem do povo Bororo (ver figura 01) não se tem nada realmente comprovado.

Quando os brancos tiveram os primeiros contatos com os bororos, ouviram com freqüência, diversos cânticos de bacuroro, cujo significado e cerimonial seguidas vezes, era pronunciada a palavra bororo. Os bororos mesmos, na verdade, se autodenominam de aroe boe.

Características do povo Bororo.

As características físicas e mesmo espirituais do bororo não diferem praticamente em nada das tradicionalmente conhecidas dos indivíduos de grandes nações indígenas.

Aspectos Culturais do Bororo.

Um dos aspectos de sobremaneira importância abordados no trabalho de Aylon do Carmo são sem dúvida, a formação sócio cultural do bororo, seus costumes e tradições. Veremos esses aspectos a seguir.

A ALDEIA

A aldeia bororo original tem a forma circular eram e ainda são feitas de esteios de madeira e cobertas de palha de coqueiro babaçu, as paredes de folhas de babaçu trançadas; os esteios e o teto eram feitos pelos homens; as paredes, pelas mulheres, as casas ou tendas são dispostas em circulo, observando todas as mesmas distâncias entre si.

Os moradores da aldeia são divididos em duas partes os ecerae, localizados ao norte, e os tigarege ao sul da aldeia, em cada parte existem quatro clãs, sem o tamanho da aldeia. Todos tem o seu lugar marcado e suas obrigações, nas cerimônias, seus próprios adornos, seus respectivos nomes e seus cantos.

As vestimentas primitivas dos bororos seguiam os critérios de seus próprios clãs: uns de palha com adornos de plumagem de aves.

OS CACIQUES

A palavra cacique há longos anos não faz parte do dicionário bororo e talvez nem mesmo tenha feito parte dele algum dia.

Após as invasões das terras dos índios pelos brancos e também com a interferência militar nas reservas dos mesmos, o líder ou chefe bororo passou a ser chamado de capitão, o próprio Rondon dava esse tratamento aos líderes bororos de nossa terra.

OS RITUAIS

Os bororos sempre tiveram preservadas as suas origens, sempre terão uma vida intensa de cerimoniais, pois eles sempre foram a razão máxima de sua existência; é através deles que mantêm o equilíbrio social,encontram a paz,evocam a natureza,os deuses e os espíritos dos seus antepassados.

O BATISMO

O batismo entre os bororos, assim como em todas as demais civilizações, e um ato ou cerimonial de cunho religioso. divergindo entre si, contudo,no aspecto do ritual;o cerimonial bororo do batismo é celebrado pelo bari, na ars denominada bororo.

A cerimônia do batismo bororo é sempre realizada a noite e termina pela manhã, as crianças usarão vestimentas e adornos de acordo com o seu próprio clã; o Bari utiliza plantas e ervas que ele entende próprias para invocar a presença dos espíritos,e de acordo com a crendice,ele conversa com os espíritos atrás dos cânticos; todos os clãs rendem homenagens aos batizandos, em especial aos próprios do clã, ao final da cerimônia, ou seja já pela manhã, servem-se comida e bebida.

O CASAMENTO

Os moradores da parte norte só podiam e ainda hoje só podem se casar com os outros da parte sul, e vice-versa; não se trata bem de um ‘casamento’, um ato de conotação ‘oficial’; um bororo passa a gostar de uma borora – que tem de ser necessariamente do lado oposto ao seu.

O FUNERAL

Há muitos outros cerimoniais festivos entre os bororos, dentre eles o do milho novo, da preparação para a caçada ou pescaria, da festa odo couro da onça, do gavião real, do matador da onça o que tem mais significado e riqueza de detalhes, porém, é o funeral, com tem de um a três meses de duração.

Inicia-se coma anunciação, a toda a aldeia da morte do individuo, que seu corpo exposto, todo coberto de palha; os mais novos da tribo, rapidamente preparam uma cova rasa no próprio pátio onde mesmo é enterrado; os pertences do morto, inclusive a sua casa, são todos destruídos e queimados, após o seu sepultamento na cova rasa; a viúva e os filhos voltarão para a casa dos seu pais, ou para o seu clã.

Quanto a origem do povo Bororo, pesquisadores supõem que eles podem ter vindo do Rio Negro, passando pelo território Boliviano, devido a sua linguagem e aos seus adornos, que são semelhantes aos usados na Bolívia.

Em pesquisas arqueológicas realizadas em 1983, na Área Indígena Tadarimana, ocupada pelo povo Bororo, pesquisadores citam que:

Dentro da reserva indígena e num raio de aproximadamente de 50 km, foram levantados até agora 29 sítios arqueológicos, 23 dos quais, sítios cerâmicos a céu aberto, cinco abrigos sob rocha e um sítio de arte rupestre a céu aberto.

O processo de contato dos índios Bororos com a sociedade se desenvolve há pelo menos três séculos.

A primeira etapa inicia-se em meados do século XVIII com a descoberta do ouro na região de Cuiabá, sendo que nesta etapa, os bandeirantes promoveram várias expedições punitivas contra os índios Bororos.

A segunda etapa desse processo se resume na ‘pacificação’ dos índios Bororos.

Enfim, no século XIX são encerradas as expedições punitivas e iniciou-se então, o processo de ‘civilização’ com a fundação das Colônias Militares, em 1887, as colônias de Tereza Cristina e Isabel, ambas no Médio São Lourenço, em 1900 e 1902, as Colônias Salesianas, na área dos rios das Garças, das Mortes e Sangradouro.

Em 1910, a criação do S.P.I. (SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO), consolidando-se o processo de ‘pacificação’ com o estabelecimento de áreas reservadas aos Bororos e a conseqüência ocupação do território tradicional pelas frentes de mineração e agropecuária.

A terceira etapa é a mais dolorosa do processo histórico do contato. No século XVIII, os Bororos ocupavam uma área de aproximadamente trezentos e cinqüenta mil quilômetros quadrados. No entanto, hoje seu território está reduzido a cinco áreas indígenas, num total de cento e quarenta e um mil e seiscentos e oitenta e um alqueires, situados em oito municípios do Estado de Mato Grosso. Por último, chegaram as expedições da comissão Construtora das Linhas Telegráficas.

Mas, a história do contato permanente dos “aborígines” da região de Rondonópolis com a população das frentes de expansão, teve início, de acordo com estudos consultados, em mil novecentos e dois, com a chegada de um grupo de pessoas vindas do estado de Goiás, grupo este que se instalou às margens do rio Vermelho, em um lugar denominado pelos migrantes, de “Vilarejo Rio Vermelho”, hoje Rondonópolis.

O resultado deste processo de contato dos Bororos com os segmentos da sociedade nacional caracteriza-se pelo esbulho da maior parte do seu território tradicional e pela drástica redução de sua população.

Apesar do longo tempo que se passou da dita “pacificação” dos Bororo, estes ainda vivem no seu dia-a-dia a discriminação e a violência sofrida no passado, tanto física quanto moral, sendo tratados como seres diferentes dos outros seres humanos.

Podemos observar isso, quando índios Bororos vêm à cidade e ficam na Praça dos Carreiros (região central da cidade de Rondonópolis). A maioria das pessoas que por ali passa os olha com descaso, como que dizendo: “que degradante!”; “esse problema não é meu!”, esquecendo-se (muitas vezes, até desconhecendo), os reais motivos que levam os índios a viverem dessa maneira.

A nação bororo teve grandes caciques guerreiros ao longo de sua historia. Seu mais ilustre descendente brilhou tanto que se tornou impossível ofuscar o esplendor de sua luz.

Malagueta

Malagueta foi o mais popular índio bororo de nossa região, ele foi apelidado pelos brancos que eram pioneiros, malagueta bebia muito era um encrenqueiro de primeira.

Quando malagueta nasceu sua mãe teve um sonho ruim, que foi relacionado ao nascimento de malagueta, pelo seu pajé que o condenou a morte. Sua mãe inconformada com a condição resolveu fugir, e, perambulando viveram por muitos lugares mais sempre em nossa região, hoje em Rondonópolis. Sua mãe, que ele tinha como única amiga vivia sempre ao seu lado embriagado.

A morte de Malagueta

Não se sabe bem, a sua morte é um mistério, pois, em respeito os índios não falam de seus mortos, mas relatos de brancos moradores da época disseram que após varias falhas de malagueta, ele foi morto pelos índios de sua própria aldeia, por um processo de asfixia muito cruel.

Outro descendente de Bororo e reconhecido mundialmente é o Marechal Cândido Rondon


CAPITÚLO II

Rondonópolis e seus aspectos históricos – (1902 – 1928)

Quando os primeiros colonizadores chegaram aqui, os índios Bororos chamavam o Rio Vermelho de Poguba que significa “vasta região habitada pelo pássaro conhecido por verão”, denominada cientificamente por Pyrocephalus runinus rubinus.

Hoje, este local é um complexo ambiental denominado Parque das águas, que é formado pelo Rio Vermelho; antiga Vila Seo Moisés – hoje chamada de Casario; o Cais (onde nasceu a primeira Rua de Rondonópolis).

Pode-se dizer que o inicio do desenvolvimento urbano de Rondonópolis se deu a partir desse lugar, em 1912.

Entretanto, o povoamento propriamente veio a acontecer a partir de 1902, quando ocorre a fixação de famílias procedentes de Goiás, Cuiabá e outras regiões do Estado, e que são os responsáveis pela construção do então “Povoado do Rio Vermelho”.

Sabe-se que, em 1915, havia aproximadamente 70 família com alguma organização econômica, social, política e preocupação com a educação.

Em 10 de agosto do mesmo ano, o então presidente do Estado de MT, Joaquim da costa marques, promulga o Decreto nº395, que reserva “uma área de 2.000 hectares para o início da povoação do rio Vermelho”.

Sobre o surgimento de Rondonópolis, a historiadora Drª. Laci Maria Araujo Alves, diz que segundo dona Nair Lopes Esteves, uma das pioneiras, Rondonópolis surgiu por volta de 1902, com a chegada do Sr. Manuel Conrado que saiu de Palmeiras - Goiás, em busca de seu irmão Firmino.

Outro pioneiro de Rondonópolis foi o senhor José Rodrigues, que chegou em Rondonópolis com um grupo de pessoas que passaram por Capim Branco e continuaram fazendo picadas ate encontrarem seu irmão que se encontrava as margens do rio Poguba, onde se fixaram e organizaram o Povoado Rio Vermelho.

O Sr. José Rodrigues desempenhou o papel de líder no povoado, isso em virtude da liderança adquirida como político em Palmeiras.

No aspecto educacional, podemos observar que apesar das dificuldades existentes à época, uma de suas preocupações ao se deslocar para uma região desconhecida foi de convidar um professor para acompanhar sua família – o professor João Caetano.

Ainda segundo dona Nair Lopes Esteves, nessa época, por volta de 1906, a educação brasileira passava por várias mudanças em decorrência das novas correntes pedagógicas que surgiram nos Estados Unidos e na Europa e da necessidade de se organizar um sistema de ensino e expandir a escolarização no Brasil.

Devido às dificuldades que a escola pública atravessava, era comum nas famílias mais abastardas a contratação de um professor particular que, na maioria das vezes moravam na própria residência da família contratante, sendo a chamada fase da educação domiciliar.

Naquela época as aulas eram dadas nas casas das famílias, sendo assim, não havia carteiras, os bancos eram caixotes, pode-se dizer que lápis e cadernos eram matéria de luxo, pois não havia disponíveis à população.

“A lousa vinha de Cuiabá e era uma pedra que cada aluno tinha individualmente, sendo que possuía um formato de mais ou menos, 30x40 cm, emoldurada por uma madeira de meio centímetro de largura.

Já o giz, era confeccionado aqui mesmo com piçarra mole, que as pessoas amassavam enrolavam o barro na mão mesmo e colocavam pra secar, sendo que quando secava bem, esse bastão era colocado por alguns minutos no fogo, para endurecer, e estava pronto o giz.

No inicio o Sr. José Rodrigues (foto 02) buscava tudo o que era necessário na cidade de Cuiabá, sendo que ele enfrentava uma série de obstáculos, pois não havia estradas e a viagem era feita de carros de bois, e segundo Dona Nair, uma moradora daquela época, para se passar na serra de São Vicente, era preciso amarrar tudo e praticamente “jogar” serra abaixo, pois não havia outra forma de descê-la.

Mesmo assim todas as crianças do povoado, inclusive alguns índios, recebiam as noções básicas de ler, escrever e contar, além dos corriqueiros castigos como a palmatória e outros. “os professores tinham toda autoridade para castigar as crianças, aliás, era o pai quem fazia a palmatória e a entregava para a professa dizendo: ‘de hoje em diante, é a segunda mãe desse menino, portanto, também responsável pela educação dele’”.

Somente por volta de 1915, o Povoado de Rio Vermelho recebeu o primeiro professor nomeado pelo Estado: o professor Odorico Leocádio da Rosa, (foto 03) que ocupava o cargo de telegrafista, em função do trabalho de linhas telegráficas.

Inicia-se aí uma nova fase da educação em Rondonópolis, pois as aulas perdem seu caráter domiciliar e passam a ser realizadas em uma pequena escola, a escola Mista do Rio Vermelho.

A nomeação do professor e a aquisição de uma casa para o funcionamento das aulas foi o inicio da Escola Pública em Rondonópolis.

A escola funcionava em dois períodos e atendia aos alunos de toda região, dentre os quais vários índios Bororo, que tinham bom relacionamento com os moradores do povoado.

De acordo com a pesquisa feita pela a Drª. Laci com dona Carmelita Cury, apurou-se que de 1915 a 1922, o povoado recebeu varias melhorias, com abertura de uma estrada carroçável até Cuiabá, nomeação do 1º delegado - senhor José Rodrigues, a fundação de uma mesa eleitoral, presidida pelo senhor Benjamin Rondon – filho do marechal Rondon, só que, no entanto, a cidade não se desenvolveu naquele momento.

Em 1923, Rondonópolis recebe o professor Francisco Siqueira que também era inspetor.

Outro mestre que se destacou foi o professor Álvaro Feitosa, telegrafista, que havia trabalhado na construção da linha telegráfica de Tereza Cristina para Rondonópolis e foi o construtor da primeira balsa do rio vermelho.

Para a historiadora citada acima, outros que merecem ser lembrados são os professores Francisco Barbosa e Antonio Duarte.

Por volta de 1928, houve a nomeação do professor Joaquim Murta, que ministrou aulas do primeiro ao quinto ano. Contudo, a insalubridade, o excesso de mosquitos, a falta de medicamentos, a epidemia do fogo selvagem, a dificuldades na obtenção de mercadorias, e enfim, a falta de condições de sobrevivência no local provocou a mudança de muitas famílias para outras regiões.

Em 1930 o professor Joaquim Murta partiu para Poxoréu, ficando a cidade sem professor, sem juiz e sem delegado.

O cartório foi transferido para Poxoréu e Rondonópolis passou a condição de Distrito, pelo decreto-lei nº. 208, de 26 de outubro de 1938.

Rondonópolis começou a receber outros habitantes, oriundos de vários pontos do Brasil, principalmente do norte e nordeste, que para cá se deslocaram atraídos pelos filões diamantíferos e auríferos descobertos inicialmente por João Arinos Teixeira.

Entre 1912 e 1930 as lanchas que traziam produtos, atracavam no Casario, atual Parque das Águas.

Com a construção das primeiras estradas, em 1912 uma balsa foi introduzida para propiciar a travessia de veículos, animais e gente para o então Povoado rio Vermelho.

Entre 1920 e 1953 o local foi ponto de circulação de índios Bororo, de viajantes, migrantes e população regional. O povoado rio vermelho foi reconhecido como tal em 1915. Em 1918 o lugar passou a ser chamado Rondonópolis em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Em 1918, o deputado e agrimensor Major Otavio Pitaluga conclui o projeto de medição, alinhamento e estética da localidade.

No mesmo ano, no intuito e homenagear Cândido Mariano Rondon, Pitaluga promove a mudança do nome da povoação do Rio Vermelho para Rondonópolis, bem como cria o projeto que transforma o local em distrito de santo Antonio do Leverger e comarca de Cuiabá, em outubro de 1920.

Todavia, no ano 20 vêm encontrar o novo distrito em condições históricas adversas. E Rondonópolis passou sofrer um processo de despovoamento, sobretudo em virtude de problemas ligados as enchentes e epidemias, desentendimentos entre os moradores e a descoberta de garimpos, realizada por João Arenas Teixeira, na vizinha região de Poxoréu, em 1924.

Tal processo proporcionou o crescimento de Poxoréu, que em 1938 é elevada à categoria de município, ao mesmo tempo em que incluía Rondonópolis como um de seus distritos.

O povoado Rio Vermelho foi elevado a distrito em dez de agosto de 1915, ocorrendo a sua emancipação política em dez de dezembro, de 1953, que foi regulamentada pela Lei Municipal 2.777, de 22 de outubro de 1971.

Possuidora de solos e terras férteis, Rondonópolis se tornou atração para colonizadores, que aqui fincaram raízes e passaram desenvolver lavouras e fazendas de criação de bovinos.

Em 1918 o lugar passou a ser chamado Rondonópolis em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.


CAPITÚLO III

Marechal Rondon e sua importância para Rondonópolis

Cândido Mariano da Silva Rondon (figura 04) nasceu em Mimoso, no estado do Mato Grosso, no dia 5 de maio de 1865 (naquele período esta cidade pertencia a Comarca de Barão de Melgasso). Seu pai era descendente de portugueses, sua mãe era descendente de índios Bororo. Quando seu pai faleceu, Rondon tinha dois anos de idade; seus estudos ficaram aos cuidados de seu tio. Depois que Rondon terminou seus estudos foi ser professor. Mais tarde ingressou-se no Regimento de Cavalaria no ano de 1881, aos 16 anos optou pela carreira militar servindo como soldado no 2º Regimento de Artilharia a Cavalo, e ingressando dois anos depois na Escola Militar da Praia Vermelha (Rio de Janeiro).

Em 1886 entrou para a Escola Superior de Guerra onde assumiu um papel ativo no movimento pela proclamação da República. Fez o curso do Estado Maior de 1ª Classe e foi promovido a alferes (atual "aspirante-oficial"). Graduou-se como bacharel em Matemática e em Ciências Físicas e Naturais e participou dos movimentos abolicionista e republicano por volta de 1890. Em 1889, Rondon participou da construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá, assumindo a chefia do distrito telegráfico de Mato Grosso, e foi nomeado professor de Astronomia e Mecânica da Escola Militar, cargo do qual se afastou em 1892. Entre 1900 e 1906 dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e da Bolívia. Começou a construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Leverger, em 1907, sua obra mais importante.

A comissão do Marechal foi a primeira a alcançar a região amazônica. Nesta mesma época estava sendo feita a ferrovia Madeira-Mamoré, que junto com a telegráfica de Rondon ajudaram a ocupar a região do atual estado de Rondônia. Rondon fez levantamentos cartográficos, topográficos, zoológicos, botânicos, etnográficos e lingüísticos da região percorrida nos trabalhos de construção das linhas telegráficas.

Foi indicado componente da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas, explorando sertões do Mato Grosso, no ano de 1892. Durante suas expedições, Rondon teve contato com diversas tribos indígenas, e ficou chocado com o tratamento desumano que os homens brancos dispensavam aos índios. Estes consideravam Rondon um grande amigo e protetor. Apesar do fato de ser um soldado, Rondon serviu à paz e lutou bravamente pelo direito dos índios a um tratamento mais humano e com respeito a suas crenças milenares

Sua meta era esta: “Matar nunca, morrer se necessário”. Efetuou uma expedição às margens do Amazonas junto com Teodoro Roosevelt no ano de 1913. Do ano de 1927 a 1930, foi responsável de inspecionar as fronteiras do Brasil do Oiapoque até a divisa da Argentina com o Uruguai. Foi criador do Serviço Nacional de Proteção aos Índios; foi eleito em 1913 pelo Congresso das Raças em Londres, ressaltando que a obra de Rondon deveria ser imitada para honra da Civilização Mundial. Recebeu o título de Civilizador do Sertão, no ano de 1939 pelo IBGE, pelo trabalho realizado junto aos índios. Foi considerado grande chefe pelos índios silvícolas, e pelos civilizados como o Marechal da Paz. No ano de 1956 Rondon recebeu uma grande homenagem, foi dado ao Território do Guaporé o seu nome, que hoje é denominado Estado de Rondônia.

No período de 1907 a 1909, chegaram a Mato Grosso as expedições que tinham a finalidade de instalar linhas telegráficas, seu objetivo era estabelecer ligação entre Mato Grosso e Amazonas ao resto do país, através da comunicação surgindo desta maneira a Expedição Rondon, organizada pelo major Otavio Pitaluga.

O Marechal Cândido Rondon e uma equipe de trabalhadores contribuíram no povoamento e na colonização de Rondonópolis.

Iniciava-se por volta de 1919, a acomodação de um ponto de apoio para o acampamento da comissão Construtora de linhas Telegrafas, situado às margens do rio Poguba ou Vermelho. Este posto telegráfico foi instalado em 21 de janeiro de 1922, em torno do qual agregou-se a primeira população do futuro município de Rondonópolis: eram então seis pessoas. Rondon contatou as tribos indígenas que habitavam ao longo do percurso das linhas telegráficas de forma pacífica.

Como cartógrafo, Rondon traçou estradas, indicou os principais locais geográficos do Brasil, entre eles definiu Rondonópolis (figura 05)como ponto de convergência e de irradiação em termos de comunicação. Não é a toa que aqui se encontram as duas rodovias que dão acesso ao norte do Brasil.

Quando vinha a Rondonópolis Rondon se hospedava, onde é hoje o Parque das Águas /Casario, exatamente onde é o memorial Mal. Rondon, no Box 9 (figura 06). Ali era a casa de seu primo Moisés Cury Mussy. Este cenário era muito apreciado pelo Mal. Rondon quando ele estava em Rondonópolis. Antigamente aqui não tinha a ponte de concreto que existe hoje, só tinha o rio, majestoso, imponente e belo.

Aqui era o ponto final para as grandes embarcações e por isso, foi construído o Porto 1º de Fevereiro.

O Porto 1º de Fevereiro funcionou entre 1920 a 1937, e era onde atracava os barcos e lanchas vindos dos principais portos do centro-oeste brasileiro: Corumbá, Cáceres e Cuiabá.

Aqui desembarcaram os mantimentos para índios e para os primeiros moradores da região: sal, roupas, fumo, sementes, farinha etc. além de fazer o embarque e o desembarque de pessoas.

No transporte do sal, eram utilizados “Tambor de Sal” (figura 07) na lancha Rosa Bororo fabricado em 1910, é uma raridade histórica, e foi doado por mal Candido Rondon a uma família da região.

O tambor foi utilizado para transportar sal entre 1910 e 1937 sendo que quando a lancha foi desativa, Rondon deu oito tambores para dona Chiquinha Gonçalves de Queirós, esposa de Bartolomeu de queirós, pais de Ana Gonçalves de Queiros, primeira esposa de Moises Cury.

Em 1951 esse tambor foi doado para o senhor Moisés e dona Terezinha que o conservaram até 2005 quando ele doou ao memorial Marechal Rondon.

A Lancha rosa bororo - 1910 a 1937 (figura 08) foi assim batizada em homenagem à grande heroína desse povo que intermediou o contato e selou a paz entre os militares brasileiros e os índios Bororo.

A princípio a lancha fazia o trajeto Cuiabá – Corumbá, e mais tarde, o seu percurso foi estendido até aqui: o Porto 1º de Fevereiro, localizado às margens do Rio Vermelho.

A Lancha Rosa Bororo - 1910 a 1937 - foi assim batizada em homenagem à grande heroína desse povo que intermediou o contato e selou a paz entre os militares brasileiros e os índios bororos.

A princípio a lancha fazia o trajeto Cuiabá – Corumbá. Mais tarde, o seu percurso foi estendido até aqui: o Porto 1º de Fevereiro, localizado às margens do rio vermelho.

Essa lancha servia para prestar assistência aos índios das reservas de Meruri, sangradouro, Simões Lopes, Tereza Cristina e princesa Isabel, levando remédios, roupas, ferramentas para lavouras, etc.

Nesta época, o major Otávio Pitaluga, membro da Comissão Rondon, resolveu fixar residência em Rio Vermelho. Em 1917 formava fazenda ao lado dos goianos, a qual ia do Rio Arareau até o local denominado Porocho. O major Pitaluga chegava com idéia de lançar as bases para uma futura cidade. O projeto tinha por consequência a necessidade de transferência das fazendas do sítio escolhido para outro lugar.

Com o projeto, o nome do povoado Rio Vermelho foi alterado para Rondonópolis e as famílias formadoras desse povoado se sentiram atingidas sentimentalmente. Não era bem aceito o nome de Rondonópolis, depois que as terras e o próprio patrimônio levavam o nome de Rio Vermelho. Mas a vontade do major Otávio Pitaluga se sobrepôs a todos os apegos sentimentais e não havia como contestar sua liderança. Em março de 1919, a denominação passou oficialmente a ser Rondonópolis, em homenagem a Cândido Mariano da Silva Rondon.

Marechal Rondon, que visitava o pequeno lugar de uma só rua, de vez em quando que era um dos lugares prediletos dele. Aproveitava a ocasião para visitar os índios do povo bororo que habitavam na região. Consta que o Marechal Rondon não pode estar presente à festa da nova denominação, dada em sua honra, por se encontrar no Rio de Janeiro, chamado a receber oficialmente sua majestade o Rei Alberto, da Bélgica. A Resolução nº 814, de 8 de outubro de 1920, criou o distrito de Rondonópolis.

Rondonópolis se beneficiou da sua localização privilegiada no entroncamento das rodovias para Campo Grande e Alto Araguaia. O município foi criado pela Lei nº 666, de 10 de dezembro de 1953.

Rondon é conhecido como o mais ilustre dos brasileiros. Faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1958, com quase 93 anos. Patrono das comunicações que ligou o Brasil pelas linhas telegráficas registrou espécies de plantas, pássaros e animais. Fez filmagens e fotografias quando o cinema ainda era incipiente. Por isso Rondon era considerado como um homem visionário, muito além do seu tempo. Contudo, ainda não se escreveu a biografia que a rica vida do Marechal Rondon merece. O sonho de ver o país exibindo ares do chamado primeiro mundo, parece fazer com que aqui só se percebam o valor dos brasileiros responsáveis pelos processos de industrialização. Nesses casos, várias e merecidas biografias já foram escritas. Para o desbravador desses rincões, para o grande ator da luta pela recuperação da dignidade dos nossos irmãos índios, ainda falta alguém com o talento e a determinação do velho Marechal.

Este trabalho serve apenas para divulgar alguns fatos importantes da vida deste grande brasileiro, um dos mais populares personagens das primeiras décadas do século passado, e então, um dos poucos brasileiros de renome internacional.

FONTE DE PESQUISA

BIBLIOGRÁFICA

ALVES, Laci Maria Araújo. Experiências de mulheres.

LMAA Editora, 2001. História da educação. Rondonópolis: Ed UFMT, 1995.


CARMO, Ailon do. Reminiscência de Rondonópolis. Gráfica Modelo. Rondonópolis-MT 2002


ISAAC, Paulo Augusto Mário. Educação escolar indígena Boé-Bororo: alternativa e resistência em Tadarimana. Cuiabá: Instituto de Educação, 1997. (Dissertação de Mestrado).


NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. Aceleração temporal na fronteira: o estudo de caso de Rondonópolis – MT. São Paulo: FFLCH/USP, 1997. Tese de Doutorado.


TESORO, Luci Léa Lopes Martins. Rondonópolis –MT: Um entroncamento de mão única – lembranças e experiências dos pioneiros. São Paulo: 1993.

ARTIGOS

GONÇALVES, Maria Aparecida. Rondonópolis-mt: Elementos de sua História

STEFANINI, Maria Perpetua Texeira. O município de Rondonópolis – MT

ONLINE

http://www.ferias.tur.br/informacoes/4462/rondonopolis-mt.html

cargos Políticos e suas funções

segunda-feira, 20 de setembro de 2010 · 0 comentários

Poder executivo

É o poder do Estado que, nos moldes da constituição de um país, possui a atribuição de governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as ordenações legais.

O executivo pode assumir diferentes faces, conforme o local em que esteja instalado. No presidencialismo, o líder do poder executivo, denominado Presidente, é escolhido pelo povo, para mandatos regulares, acumulando a função de chefe de estado e chefe de governo.

Já no sistema parlamentarista, o executivo depende do apoio direto ou indireto do parlamento para ser constituído e para governar. Este apoio costuma ser expresso por meio de um voto de confiança. Não há, neste sistema de governo, uma separação nítida entre os poderes executivo e legislativo, ao contrário do que ocorre no presidencialismo

Legislativo

Poder Legislativo é aquele que tem num país a tarefa de legislar, ou seja, fazer as leis. No Brasil, o Poder Legislativo é composto pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Os estados brasileiros também possuem o Poder Legislativo (composto pelos deputados estaduais), assim como os municípios (composto pelos vereadores). Além de fazer as leis, cabe aos integrantes do Poder Legislativo aprovar ou rejeitar as leis propostas pelo Poder Executivo, fiscalizar, entre outras atribuições.

No Brasil, os integrantes deste poder são eleitos pelo povo, através de eleições diretas.

Judiciário

Estrutura da organização do Estado, à qual compete determinar e assegurar a aplicação das leis. Abrange a Justiça Federal, a Justiça Estadual, a Justiça Eleitoral, a Justiça Trabalhista e a Justiça Militar. Os tribunais superiores são: Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal Militar.

Tendo noção dos 3 poderes, vamos agora resumir alguns cargos dos nossos políticos

O que faz um vereador?

O vereador tem por obrigação representar a população, criando leis que beneficiem os munícipes e fiscalize os gastos públicos

do poder executivo, no caso, o Prefeito. A função do vereador é estar mais próximo entre os moderadores e o prefeito, colher

necessidades da cidade e levar ao prefeito para ver se este aprova ou não.

O que faz um prefeito?

Os eleitores brasileiros escolhem seus prefeitos a cada quatro anos, assim como os vereadores. Chefe do Executivo municipal,

o prefeito administra a cidade e exerce funções políticas, executivas e administrativas.

Como agente político, eleito pelo voto direto, o prefeito é o porta-voz natural dos moradores de sua cidade e deve defender

os interesses da população perante a Câmara Municipal, outras esferas de governo e quaisquer forças que possam contribuir

para o bem-estar dos habitantes.

Entre suas funções políticas estão, além de lidar com a Câmara, negociar convênios e obter por outras formas benefícios ou

auxílios para a sua cidade, apresentar projetos de leis à Câmara, sancionar, promulgar, fazer publicar e vetar as leis,

convocar extraordinariamente a Câmara, quando necessário, e representar o município em todas as circunstâncias.

Deve se relacionar com organizações comunitárias, lideranças locais, buscando o seu apoio, quando necessário, consultando-as

e ouvindo-as para conhecer suas aspirações e suas necessidades de modo a integrá-las ao processo decisório municipal e

governar com a comunidade.

Já entre as funções executivas e administrativas do prefeito estão as de planejar, comandar, coordenar, controlar e manter

contatos externos.

Deputado Estadual

Segundo a Constituição Federal de 1988, deputado estadual é um detentor de cargo político, que tem a incumbência de

representar o povo na esfera estadual. Para um candidato ser eleito, é considerada a votação de seu partido político ou

coligação de partidos, além da votação recebida pelo candidato.

O deputado Estadual desenvolve suas funções na Assembleia Legislativa Estadual. Em situações normais, seu mandato é de quatro

anos. Entretanto, o candidato pode concorrer à reeleição diversas vezes, sem haver uma quantidade limitada de mandatos.

Sua função principal no exercício do cargo é legislar, propor, emendar, alterar, revogar e derrogar leis estaduais. Além de

fiscalizar as contas do governo estadual, criar Comissões Parlamentares de Inquérito e outras atribuições referentes ao

cargo.

Deputado Federal

O deputado federal é o representante do povo, na integração da sociedade; a sua representação tem o caráter de representação

nacional embora estejam presos à sua base de sustentação política. Não há, no direito eleitoral brasileiro, a representação

distrital, todavia, à exceção de poucos deputados federais que recebem votos em toda a circunscrição do Estado ou do Distrito

Federal, a maioria vive em função de seu colégio eleitoral, atendendo à sua clientela política a par das suas obrigações de

parlamentar afeito ao interesse nacional.

GOVERNADOR

Dentre o poder executivo do Estado, o cargo de governador é o cargo político que representa a autoridade máxima.

Somente em países cujo pacto é federativo, o governador é eleito de quatro em quatro anos, através de votação.

A principal função do governador é de chefiar o executivo a nível estadual.

Senador

O Senador é o encarregado de representar os Estados-membros da federação, são eleitos diretamente.

Cabe ao senador:

- Zelar pelos direitos constitucionais do povo;

- Propor, debater e aprovar leis de interesse nacional;

- Aprovar a escolha presidencial dos presidentes e diretores de empresas públicas, membros do poder judiciário e diplomatas;

- Autorizar operações financeiras externas e condições de crédito.

Fiscalizar o Presidente da república e avaliar e votar Projetos de Lei, entre outros. Seu mandato é de oito anos, o Distrito

Federal e cada estado têm o direito de elegerem três senadores, independente do seu tamanho e de sua população.

Presidente

O Presidente é a autoridade máxima do poder executivo nacional. São delegadas a ele as tarefas de Chefe de Estado. Seu

mandato é de quatro anos podendo se reeleger (uma única vez) em eleições futuras, é eleito por voto secreto e direto.

É dever do presidente zelar pelos direitos da soberania nacional, defendendo seu país e a nação que nele habita.

Fonte:

http://www.zevariedades.com/variedades/politicos-e-suas-funcoes/

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