A América Latina, desde o século XVI, com a invasão dos europeus, vive em constantes conflitos, ora pela falta de liberdade econômica, ora pela opressão de governos tiranos. Muitas pessoas foram subjugadas pelo sistema e muitas vezes foram desrespeitadas. Outras pessoas foram violentadas no mais fundo do seu âmago, com a imposição de uma nova cultura, subtraindo-lhes antigos costumes, crenças, valores etc. Ou ainda, o sistema lhes impôs guerras, como a Guerra do Paraguai, na qual muitos perderam suas vidas, deixando de lado seus sonhos. Guerras que muitas vezes beneficiaram e beneficiam apenas aos governantes e as elites econômicas. Na América Latina, desde o início de sua dita “colonização” (processo que ainda hoje é avaliado como em andamento), o martírio se tornou um grito tanto pela vida quanto pela fé. Nesse quadro, a Igreja Católica tem buscado manter sempre viva a memória de mártires que deram suas vidas na tentativa de mudar a realidade das pessoas menos favorecidas da sociedade.
É neste contexto que a Diocese de Rondonópolis assumiu, a partir de um mil novecentos e noventa e dois, a Romaria dos Mártires, que vem constituindo-se como mais uma forma de manifestação pública da fé religiosa. Mais do que uma manifestação de fé, a Romaria dos Mártires também agrega lutas sociais contra as diferenças e desigualdades e todo tipo de exclusão social.
A cada ano surgem novos conflitos no campo, entre os latifundiários e os excluídos da terra. E é nesses processos, por exemplo, que ganham visibilidade essas pessoas - os mártires - religiosas ou não, que arriscam suas vidas, confrontando, denunciando, organizando etc., e assim buscando sanar ou ao menos amenizar esses conflitos. Muitas dessas pessoas são perseguidas, torturadas, assassinadas, o que se apresenta como uma tentativa não só de conter a luta, mas de desaconselhar a tantos outros que possam querer dela fazer parte. Nesse sentido, percebe-se que os temas que têm norteado ao longo dos anos a Romaria dos Mártires, vêm sempre buscando dar um enfoque maior às questões que procuram fortalecer as lutas sociais e políticas.
Assim, pode-se dizer que a Romaria dos Mártires tem como uma de suas finalidades rememorar às pessoas que dela participam, aqueles (as) que morreram em defesa da vida de outros; lembrar que Mártires são aqueles que não desistem da luta por uma vida melhor para seus semelhantes, mesmo que isso signifique morrer por esse ideal, como num dos cantos da Romaria: “ Acorda América, chegou a hora de levantar/ o sangue dos mártires, fez a semente se espalhar”.
A Igreja Católica tem valorizado a presença dos mártires na construção de sua própria história, o que é visível na Diocese de Rondonópolis, através das paróquias que a compõem, que buscam também avivar por meio da Romaria dos Mártires a memória dos seus fiéis, pois um povo sem memória é um povo sem identidade, sem resistência e sem história. É uma maneira de não deixar cair no esquecimento esses que tanto merecem homenagem e respeito pelo desempenho que tiveram em lutas coletivas por justiça social. Quem sabe assim, por meio dos exemplos deixados pelos Mártires ali homenageados, mantenha-se acesa a chama da solidariedade entre as pessoas, que estão cada vez mais distantes umas das outras, cada uma vivendo por si, sem preocupar-se com o seu semelhante.
Parabéns Igreja, parabéns povo de Deus pela coragem de anunciar o Reino de Deus, por meio da memória da vida de mulheres e de homens que acreditaram e lutaram por uma sociedade mais justa.
É neste contexto que a Diocese de Rondonópolis assumiu, a partir de um mil novecentos e noventa e dois, a Romaria dos Mártires, que vem constituindo-se como mais uma forma de manifestação pública da fé religiosa. Mais do que uma manifestação de fé, a Romaria dos Mártires também agrega lutas sociais contra as diferenças e desigualdades e todo tipo de exclusão social.
A cada ano surgem novos conflitos no campo, entre os latifundiários e os excluídos da terra. E é nesses processos, por exemplo, que ganham visibilidade essas pessoas - os mártires - religiosas ou não, que arriscam suas vidas, confrontando, denunciando, organizando etc., e assim buscando sanar ou ao menos amenizar esses conflitos. Muitas dessas pessoas são perseguidas, torturadas, assassinadas, o que se apresenta como uma tentativa não só de conter a luta, mas de desaconselhar a tantos outros que possam querer dela fazer parte. Nesse sentido, percebe-se que os temas que têm norteado ao longo dos anos a Romaria dos Mártires, vêm sempre buscando dar um enfoque maior às questões que procuram fortalecer as lutas sociais e políticas.
Assim, pode-se dizer que a Romaria dos Mártires tem como uma de suas finalidades rememorar às pessoas que dela participam, aqueles (as) que morreram em defesa da vida de outros; lembrar que Mártires são aqueles que não desistem da luta por uma vida melhor para seus semelhantes, mesmo que isso signifique morrer por esse ideal, como num dos cantos da Romaria: “ Acorda América, chegou a hora de levantar/ o sangue dos mártires, fez a semente se espalhar”.
A Igreja Católica tem valorizado a presença dos mártires na construção de sua própria história, o que é visível na Diocese de Rondonópolis, através das paróquias que a compõem, que buscam também avivar por meio da Romaria dos Mártires a memória dos seus fiéis, pois um povo sem memória é um povo sem identidade, sem resistência e sem história. É uma maneira de não deixar cair no esquecimento esses que tanto merecem homenagem e respeito pelo desempenho que tiveram em lutas coletivas por justiça social. Quem sabe assim, por meio dos exemplos deixados pelos Mártires ali homenageados, mantenha-se acesa a chama da solidariedade entre as pessoas, que estão cada vez mais distantes umas das outras, cada uma vivendo por si, sem preocupar-se com o seu semelhante.
Parabéns Igreja, parabéns povo de Deus pela coragem de anunciar o Reino de Deus, por meio da memória da vida de mulheres e de homens que acreditaram e lutaram por uma sociedade mais justa.
Maria Aparecida Gonçalves
Graduada em História pela UFMT/CUR
Graduada em História pela UFMT/CUR
Artigo publicado no Jornal A Tribuna no dia 06/03/2008
1 comentários:
Boa tarde professora,
achei ótimo o teu artigo sobre a Romaria dos Mártires.
Deu até vontade de conhecer mais sobre o assunto.
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