CAPÍTULO I
Índios Bororos
Rondonópolis é um município que está situado na região Sudeste de Mato Grosso. Tem uma extensão territorial de 4.165 km2, e atualmente possui uma população aproximada de cento e oitenta mil habitantes.
A região de Rondonópolis inicialmente era habitada pelos índios da tribo Bororo dos quais ainda hoje existem alguns remanescentes. Segundo estudos feitos sobre a origem do povo Bororo (ver figura 01) não se tem nada realmente comprovado.
Quando os brancos tiveram os primeiros contatos com os bororos, ouviram com freqüência, diversos cânticos de bacuroro, cujo significado e cerimonial seguidas vezes, era pronunciada a palavra bororo. Os bororos mesmos, na verdade, se autodenominam de aroe boe.
Características do povo Bororo.
As características físicas e mesmo espirituais do bororo não diferem praticamente em nada das tradicionalmente conhecidas dos indivíduos de grandes nações indígenas.
Aspectos Culturais do Bororo.
Um dos aspectos de sobremaneira importância abordados no trabalho de Aylon do Carmo são sem dúvida, a formação sócio cultural do bororo, seus costumes e tradições. Veremos esses aspectos a seguir.
A ALDEIA
A aldeia bororo original tem a forma circular eram e ainda são feitas de esteios de madeira e cobertas de palha de coqueiro babaçu, as paredes de folhas de babaçu trançadas; os esteios e o teto eram feitos pelos homens; as paredes, pelas mulheres, as casas ou tendas são dispostas em circulo, observando todas as mesmas distâncias entre si.
Os moradores da aldeia são divididos em duas partes os ecerae, localizados ao norte, e os tigarege ao sul da aldeia, em cada parte existem quatro clãs, sem o tamanho da aldeia. Todos tem o seu lugar marcado e suas obrigações, nas cerimônias, seus próprios adornos, seus respectivos nomes e seus cantos.
As vestimentas primitivas dos bororos seguiam os critérios de seus próprios clãs: uns de palha com adornos de plumagem de aves.
OS CACIQUES
A palavra cacique há longos anos não faz parte do dicionário bororo e talvez nem mesmo tenha feito parte dele algum dia.
Após as invasões das terras dos índios pelos brancos e também com a interferência militar nas reservas dos mesmos, o líder ou chefe bororo passou a ser chamado de capitão, o próprio Rondon dava esse tratamento aos líderes bororos de nossa terra.
OS RITUAIS
Os bororos sempre tiveram preservadas as suas origens, sempre terão uma vida intensa de cerimoniais, pois eles sempre foram a razão máxima de sua existência; é através deles que mantêm o equilíbrio social,encontram a paz,evocam a natureza,os deuses e os espíritos dos seus antepassados.
O BATISMO
O batismo entre os bororos, assim como em todas as demais civilizações, e um ato ou cerimonial de cunho religioso. divergindo entre si, contudo,no aspecto do ritual;o cerimonial bororo do batismo é celebrado pelo bari, na ars denominada bororo.
A cerimônia do batismo bororo é sempre realizada a noite e termina pela manhã, as crianças usarão vestimentas e adornos de acordo com o seu próprio clã; o Bari utiliza plantas e ervas que ele entende próprias para invocar a presença dos espíritos,e de acordo com a crendice,ele conversa com os espíritos atrás dos cânticos; todos os clãs rendem homenagens aos batizandos, em especial aos próprios do clã, ao final da cerimônia, ou seja já pela manhã, servem-se comida e bebida.
O CASAMENTO
Os moradores da parte norte só podiam e ainda hoje só podem se casar com os outros da parte sul, e vice-versa; não se trata bem de um ‘casamento’, um ato de conotação ‘oficial’; um bororo passa a gostar de uma borora – que tem de ser necessariamente do lado oposto ao seu.
O FUNERAL
Há muitos outros cerimoniais festivos entre os bororos, dentre eles o do milho novo, da preparação para a caçada ou pescaria, da festa odo couro da onça, do gavião real, do matador da onça o que tem mais significado e riqueza de detalhes, porém, é o funeral, com tem de um a três meses de duração.
Inicia-se coma anunciação, a toda a aldeia da morte do individuo, que seu corpo exposto, todo coberto de palha; os mais novos da tribo, rapidamente preparam uma cova rasa no próprio pátio onde mesmo é enterrado; os pertences do morto, inclusive a sua casa, são todos destruídos e queimados, após o seu sepultamento na cova rasa; a viúva e os filhos voltarão para a casa dos seu pais, ou para o seu clã.
Quanto a origem do povo Bororo, pesquisadores supõem que eles podem ter vindo do Rio Negro, passando pelo território Boliviano, devido a sua linguagem e aos seus adornos, que são semelhantes aos usados na Bolívia.
Em pesquisas arqueológicas realizadas em 1983, na Área Indígena Tadarimana, ocupada pelo povo Bororo, pesquisadores citam que:
Dentro da reserva indígena e num raio de aproximadamente de 50 km, foram levantados até agora 29 sítios arqueológicos, 23 dos quais, sítios cerâmicos a céu aberto, cinco abrigos sob rocha e um sítio de arte rupestre a céu aberto.
O processo de contato dos índios Bororos com a sociedade se desenvolve há pelo menos três séculos.
A primeira etapa inicia-se em meados do século XVIII com a descoberta do ouro na região de Cuiabá, sendo que nesta etapa, os bandeirantes promoveram várias expedições punitivas contra os índios Bororos.
A segunda etapa desse processo se resume na ‘pacificação’ dos índios Bororos.
Enfim, no século XIX são encerradas as expedições punitivas e iniciou-se então, o processo de ‘civilização’ com a fundação das Colônias Militares, em 1887, as colônias de Tereza Cristina e Isabel, ambas no Médio São Lourenço, em 1900 e 1902, as Colônias Salesianas, na área dos rios das Garças, das Mortes e Sangradouro.
Em 1910, a criação do S.P.I. (SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO), consolidando-se o processo de ‘pacificação’ com o estabelecimento de áreas reservadas aos Bororos e a conseqüência ocupação do território tradicional pelas frentes de mineração e agropecuária.
A terceira etapa é a mais dolorosa do processo histórico do contato. No século XVIII, os Bororos ocupavam uma área de aproximadamente trezentos e cinqüenta mil quilômetros quadrados. No entanto, hoje seu território está reduzido a cinco áreas indígenas, num total de cento e quarenta e um mil e seiscentos e oitenta e um alqueires, situados em oito municípios do Estado de Mato Grosso. Por último, chegaram as expedições da comissão Construtora das Linhas Telegráficas.
Mas, a história do contato permanente dos “aborígines” da região de Rondonópolis com a população das frentes de expansão, teve início, de acordo com estudos consultados, em mil novecentos e dois, com a chegada de um grupo de pessoas vindas do estado de Goiás, grupo este que se instalou às margens do rio Vermelho, em um lugar denominado pelos migrantes, de “Vilarejo Rio Vermelho”, hoje Rondonópolis.
O resultado deste processo de contato dos Bororos com os segmentos da sociedade nacional caracteriza-se pelo esbulho da maior parte do seu território tradicional e pela drástica redução de sua população.
Apesar do longo tempo que se passou da dita “pacificação” dos Bororo, estes ainda vivem no seu dia-a-dia a discriminação e a violência sofrida no passado, tanto física quanto moral, sendo tratados como seres diferentes dos outros seres humanos.
Podemos observar isso, quando índios Bororos vêm à cidade e ficam na Praça dos Carreiros (região central da cidade de Rondonópolis). A maioria das pessoas que por ali passa os olha com descaso, como que dizendo: “que degradante!”; “esse problema não é meu!”, esquecendo-se (muitas vezes, até desconhecendo), os reais motivos que levam os índios a viverem dessa maneira.
A nação bororo teve grandes caciques guerreiros ao longo de sua historia. Seu mais ilustre descendente brilhou tanto que se tornou impossível ofuscar o esplendor de sua luz.
Malagueta
Malagueta foi o mais popular índio bororo de nossa região, ele foi apelidado pelos brancos que eram pioneiros, malagueta bebia muito era um encrenqueiro de primeira.
Quando malagueta nasceu sua mãe teve um sonho ruim, que foi relacionado ao nascimento de malagueta, pelo seu pajé que o condenou a morte. Sua mãe inconformada com a condição resolveu fugir, e, perambulando viveram por muitos lugares mais sempre em nossa região, hoje em Rondonópolis. Sua mãe, que ele tinha como única amiga vivia sempre ao seu lado embriagado.
A morte de Malagueta
Não se sabe bem, a sua morte é um mistério, pois, em respeito os índios não falam de seus mortos, mas relatos de brancos moradores da época disseram que após varias falhas de malagueta, ele foi morto pelos índios de sua própria aldeia, por um processo de asfixia muito cruel.
Outro descendente de Bororo e reconhecido mundialmente é o Marechal Cândido Rondon
CAPITÚLO II
Rondonópolis e seus aspectos históricos – (1902 – 1928)
Quando os primeiros colonizadores chegaram aqui, os índios Bororos chamavam o Rio Vermelho de Poguba que significa “vasta região habitada pelo pássaro conhecido por verão”, denominada cientificamente por Pyrocephalus runinus rubinus.
Hoje, este local é um complexo ambiental denominado Parque das águas, que é formado pelo Rio Vermelho; antiga Vila Seo Moisés – hoje chamada de Casario; o Cais (onde nasceu a primeira Rua de Rondonópolis).
Pode-se dizer que o inicio do desenvolvimento urbano de Rondonópolis se deu a partir desse lugar, em 1912.
Entretanto, o povoamento propriamente veio a acontecer a partir de 1902, quando ocorre a fixação de famílias procedentes de Goiás, Cuiabá e outras regiões do Estado, e que são os responsáveis pela construção do então “Povoado do Rio Vermelho”.
Sabe-se que, em 1915, havia aproximadamente 70 família com alguma organização econômica, social, política e preocupação com a educação.
Em 10 de agosto do mesmo ano, o então presidente do Estado de MT, Joaquim da costa marques, promulga o Decreto nº395, que reserva “uma área de 2.000 hectares para o início da povoação do rio Vermelho”.
Sobre o surgimento de Rondonópolis, a historiadora Drª. Laci Maria Araujo Alves, diz que segundo dona Nair Lopes Esteves, uma das pioneiras, Rondonópolis surgiu por volta de 1902, com a chegada do Sr. Manuel Conrado que saiu de Palmeiras - Goiás, em busca de seu irmão Firmino.
Outro pioneiro de Rondonópolis foi o senhor José Rodrigues, que chegou em Rondonópolis com um grupo de pessoas que passaram por Capim Branco e continuaram fazendo picadas ate encontrarem seu irmão que se encontrava as margens do rio Poguba, onde se fixaram e organizaram o Povoado Rio Vermelho.
O Sr. José Rodrigues desempenhou o papel de líder no povoado, isso em virtude da liderança adquirida como político em Palmeiras.
No aspecto educacional, podemos observar que apesar das dificuldades existentes à época, uma de suas preocupações ao se deslocar para uma região desconhecida foi de convidar um professor para acompanhar sua família – o professor João Caetano.
Ainda segundo dona Nair Lopes Esteves, nessa época, por volta de 1906, a educação brasileira passava por várias mudanças em decorrência das novas correntes pedagógicas que surgiram nos Estados Unidos e na Europa e da necessidade de se organizar um sistema de ensino e expandir a escolarização no Brasil.
Devido às dificuldades que a escola pública atravessava, era comum nas famílias mais abastardas a contratação de um professor particular que, na maioria das vezes moravam na própria residência da família contratante, sendo a chamada fase da educação domiciliar.
Naquela época as aulas eram dadas nas casas das famílias, sendo assim, não havia carteiras, os bancos eram caixotes, pode-se dizer que lápis e cadernos eram matéria de luxo, pois não havia disponíveis à população.
“A lousa vinha de Cuiabá e era uma pedra que cada aluno tinha individualmente, sendo que possuía um formato de mais ou menos, 30x40 cm, emoldurada por uma madeira de meio centímetro de largura.
Já o giz, era confeccionado aqui mesmo com piçarra mole, que as pessoas amassavam enrolavam o barro na mão mesmo e colocavam pra secar, sendo que quando secava bem, esse bastão era colocado por alguns minutos no fogo, para endurecer, e estava pronto o giz.
No inicio o Sr. José Rodrigues (foto 02) buscava tudo o que era necessário na cidade de Cuiabá, sendo que ele enfrentava uma série de obstáculos, pois não havia estradas e a viagem era feita de carros de bois, e segundo Dona Nair, uma moradora daquela época, para se passar na serra de São Vicente, era preciso amarrar tudo e praticamente “jogar” serra abaixo, pois não havia outra forma de descê-la.
Mesmo assim todas as crianças do povoado, inclusive alguns índios, recebiam as noções básicas de ler, escrever e contar, além dos corriqueiros castigos como a palmatória e outros. “os professores tinham toda autoridade para castigar as crianças, aliás, era o pai quem fazia a palmatória e a entregava para a professa dizendo: ‘de hoje em diante, é a segunda mãe desse menino, portanto, também responsável pela educação dele’”.
Somente por volta de 1915, o Povoado de Rio Vermelho recebeu o primeiro professor nomeado pelo Estado: o professor Odorico Leocádio da Rosa, (foto 03) que ocupava o cargo de telegrafista, em função do trabalho de linhas telegráficas.
Inicia-se aí uma nova fase da educação em Rondonópolis, pois as aulas perdem seu caráter domiciliar e passam a ser realizadas em uma pequena escola, a escola Mista do Rio Vermelho.
A nomeação do professor e a aquisição de uma casa para o funcionamento das aulas foi o inicio da Escola Pública em Rondonópolis.
A escola funcionava em dois períodos e atendia aos alunos de toda região, dentre os quais vários índios Bororo, que tinham bom relacionamento com os moradores do povoado.
De acordo com a pesquisa feita pela a Drª. Laci com dona Carmelita Cury, apurou-se que de 1915 a 1922, o povoado recebeu varias melhorias, com abertura de uma estrada carroçável até Cuiabá, nomeação do 1º delegado - senhor José Rodrigues, a fundação de uma mesa eleitoral, presidida pelo senhor Benjamin Rondon – filho do marechal Rondon, só que, no entanto, a cidade não se desenvolveu naquele momento.
Em 1923, Rondonópolis recebe o professor Francisco Siqueira que também era inspetor.
Outro mestre que se destacou foi o professor Álvaro Feitosa, telegrafista, que havia trabalhado na construção da linha telegráfica de Tereza Cristina para Rondonópolis e foi o construtor da primeira balsa do rio vermelho.
Para a historiadora citada acima, outros que merecem ser lembrados são os professores Francisco Barbosa e Antonio Duarte.
Por volta de 1928, houve a nomeação do professor Joaquim Murta, que ministrou aulas do primeiro ao quinto ano. Contudo, a insalubridade, o excesso de mosquitos, a falta de medicamentos, a epidemia do fogo selvagem, a dificuldades na obtenção de mercadorias, e enfim, a falta de condições de sobrevivência no local provocou a mudança de muitas famílias para outras regiões.
Em 1930 o professor Joaquim Murta partiu para Poxoréu, ficando a cidade sem professor, sem juiz e sem delegado.
O cartório foi transferido para Poxoréu e Rondonópolis passou a condição de Distrito, pelo decreto-lei nº. 208, de 26 de outubro de 1938.
Rondonópolis começou a receber outros habitantes, oriundos de vários pontos do Brasil, principalmente do norte e nordeste, que para cá se deslocaram atraídos pelos filões diamantíferos e auríferos descobertos inicialmente por João Arinos Teixeira.
Entre 1912 e 1930 as lanchas que traziam produtos, atracavam no Casario, atual Parque das Águas.
Com a construção das primeiras estradas, em 1912 uma balsa foi introduzida para propiciar a travessia de veículos, animais e gente para o então Povoado rio Vermelho.
Entre 1920 e 1953 o local foi ponto de circulação de índios Bororo, de viajantes, migrantes e população regional. O povoado rio vermelho foi reconhecido como tal em 1915. Em 1918 o lugar passou a ser chamado Rondonópolis em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
Em 1918, o deputado e agrimensor Major Otavio Pitaluga conclui o projeto de medição, alinhamento e estética da localidade.
No mesmo ano, no intuito e homenagear Cândido Mariano Rondon, Pitaluga promove a mudança do nome da povoação do Rio Vermelho para Rondonópolis, bem como cria o projeto que transforma o local em distrito de santo Antonio do Leverger e comarca de Cuiabá, em outubro de 1920.
Todavia, no ano 20 vêm encontrar o novo distrito em condições históricas adversas. E Rondonópolis passou sofrer um processo de despovoamento, sobretudo em virtude de problemas ligados as enchentes e epidemias, desentendimentos entre os moradores e a descoberta de garimpos, realizada por João Arenas Teixeira, na vizinha região de Poxoréu, em 1924.
Tal processo proporcionou o crescimento de Poxoréu, que em 1938 é elevada à categoria de município, ao mesmo tempo em que incluía Rondonópolis como um de seus distritos.
O povoado Rio Vermelho foi elevado a distrito em dez de agosto de 1915, ocorrendo a sua emancipação política em dez de dezembro, de 1953, que foi regulamentada pela Lei Municipal 2.777, de 22 de outubro de 1971.
Possuidora de solos e terras férteis, Rondonópolis se tornou atração para colonizadores, que aqui fincaram raízes e passaram desenvolver lavouras e fazendas de criação de bovinos.
Em 1918 o lugar passou a ser chamado Rondonópolis em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
CAPITÚLO III
Marechal Rondon e sua importância para Rondonópolis
Cândido Mariano da Silva Rondon (figura 04) nasceu em Mimoso, no estado do Mato Grosso, no dia 5 de maio de 1865 (naquele período esta cidade pertencia a Comarca de Barão de Melgasso). Seu pai era descendente de portugueses, sua mãe era descendente de índios Bororo. Quando seu pai faleceu, Rondon tinha dois anos de idade; seus estudos ficaram aos cuidados de seu tio. Depois que Rondon terminou seus estudos foi ser professor. Mais tarde ingressou-se no Regimento de Cavalaria no ano de 1881, aos 16 anos optou pela carreira militar servindo como soldado no 2º Regimento de Artilharia a Cavalo, e ingressando dois anos depois na Escola Militar da Praia Vermelha (Rio de Janeiro).
Em 1886 entrou para a Escola Superior de Guerra onde assumiu um papel ativo no movimento pela proclamação da República. Fez o curso do Estado Maior de 1ª Classe e foi promovido a alferes (atual "aspirante-oficial"). Graduou-se como bacharel em Matemática e em Ciências Físicas e Naturais e participou dos movimentos abolicionista e republicano por volta de 1890. Em 1889, Rondon participou da construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá, assumindo a chefia do distrito telegráfico de Mato Grosso, e foi nomeado professor de Astronomia e Mecânica da Escola Militar, cargo do qual se afastou em 1892. Entre 1900 e 1906 dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e da Bolívia. Começou a construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Leverger, em 1907, sua obra mais importante.
A comissão do Marechal foi a primeira a alcançar a região amazônica. Nesta mesma época estava sendo feita a ferrovia Madeira-Mamoré, que junto com a telegráfica de Rondon ajudaram a ocupar a região do atual estado de Rondônia. Rondon fez levantamentos cartográficos, topográficos, zoológicos, botânicos, etnográficos e lingüísticos da região percorrida nos trabalhos de construção das linhas telegráficas.
Foi indicado componente da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas, explorando sertões do Mato Grosso, no ano de 1892. Durante suas expedições, Rondon teve contato com diversas tribos indígenas, e ficou chocado com o tratamento desumano que os homens brancos dispensavam aos índios. Estes consideravam Rondon um grande amigo e protetor. Apesar do fato de ser um soldado, Rondon serviu à paz e lutou bravamente pelo direito dos índios a um tratamento mais humano e com respeito a suas crenças milenares
Sua meta era esta: “Matar nunca, morrer se necessário”. Efetuou uma expedição às margens do Amazonas junto com Teodoro Roosevelt no ano de 1913. Do ano de 1927 a 1930, foi responsável de inspecionar as fronteiras do Brasil do Oiapoque até a divisa da Argentina com o Uruguai. Foi criador do Serviço Nacional de Proteção aos Índios; foi eleito em 1913 pelo Congresso das Raças em Londres, ressaltando que a obra de Rondon deveria ser imitada para honra da Civilização Mundial. Recebeu o título de Civilizador do Sertão, no ano de 1939 pelo IBGE, pelo trabalho realizado junto aos índios. Foi considerado grande chefe pelos índios silvícolas, e pelos civilizados como o Marechal da Paz. No ano de 1956 Rondon recebeu uma grande homenagem, foi dado ao Território do Guaporé o seu nome, que hoje é denominado Estado de Rondônia.
No período de 1907 a 1909, chegaram a Mato Grosso as expedições que tinham a finalidade de instalar linhas telegráficas, seu objetivo era estabelecer ligação entre Mato Grosso e Amazonas ao resto do país, através da comunicação surgindo desta maneira a Expedição Rondon, organizada pelo major Otavio Pitaluga.
O Marechal Cândido Rondon e uma equipe de trabalhadores contribuíram no povoamento e na colonização de Rondonópolis.
Iniciava-se por volta de 1919, a acomodação de um ponto de apoio para o acampamento da comissão Construtora de linhas Telegrafas, situado às margens do rio Poguba ou Vermelho. Este posto telegráfico foi instalado em 21 de janeiro de 1922, em torno do qual agregou-se a primeira população do futuro município de Rondonópolis: eram então seis pessoas. Rondon contatou as tribos indígenas que habitavam ao longo do percurso das linhas telegráficas de forma pacífica.
Como cartógrafo, Rondon traçou estradas, indicou os principais locais geográficos do Brasil, entre eles definiu Rondonópolis (figura 05)como ponto de convergência e de irradiação em termos de comunicação. Não é a toa que aqui se encontram as duas rodovias que dão acesso ao norte do Brasil.
Quando vinha a Rondonópolis Rondon se hospedava, onde é hoje o Parque das Águas /Casario, exatamente onde é o memorial Mal. Rondon, no Box 9 (figura 06). Ali era a casa de seu primo Moisés Cury Mussy. Este cenário era muito apreciado pelo Mal. Rondon quando ele estava em Rondonópolis. Antigamente aqui não tinha a ponte de concreto que existe hoje, só tinha o rio, majestoso, imponente e belo.
Aqui era o ponto final para as grandes embarcações e por isso, foi construído o Porto 1º de Fevereiro.
O Porto 1º de Fevereiro funcionou entre 1920 a 1937, e era onde atracava os barcos e lanchas vindos dos principais portos do centro-oeste brasileiro: Corumbá, Cáceres e Cuiabá.
Aqui desembarcaram os mantimentos para índios e para os primeiros moradores da região: sal, roupas, fumo, sementes, farinha etc. além de fazer o embarque e o desembarque de pessoas.
No transporte do sal, eram utilizados “Tambor de Sal” (figura 07) na lancha Rosa Bororo fabricado em 1910, é uma raridade histórica, e foi doado por mal Candido Rondon a uma família da região.
O tambor foi utilizado para transportar sal entre 1910 e 1937 sendo que quando a lancha foi desativa, Rondon deu oito tambores para dona Chiquinha Gonçalves de Queirós, esposa de Bartolomeu de queirós, pais de Ana Gonçalves de Queiros, primeira esposa de Moises Cury.
Em 1951 esse tambor foi doado para o senhor Moisés e dona Terezinha que o conservaram até 2005 quando ele doou ao memorial Marechal Rondon.
A Lancha rosa bororo - 1910 a 1937 (figura 08) foi assim batizada em homenagem à grande heroína desse povo que intermediou o contato e selou a paz entre os militares brasileiros e os índios Bororo.
A princípio a lancha fazia o trajeto Cuiabá – Corumbá, e mais tarde, o seu percurso foi estendido até aqui: o Porto 1º de Fevereiro, localizado às margens do Rio Vermelho.
A Lancha Rosa Bororo - 1910 a 1937 - foi assim batizada em homenagem à grande heroína desse povo que intermediou o contato e selou a paz entre os militares brasileiros e os índios bororos.
A princípio a lancha fazia o trajeto Cuiabá – Corumbá. Mais tarde, o seu percurso foi estendido até aqui: o Porto 1º de Fevereiro, localizado às margens do rio vermelho.
Essa lancha servia para prestar assistência aos índios das reservas de Meruri, sangradouro, Simões Lopes, Tereza Cristina e princesa Isabel, levando remédios, roupas, ferramentas para lavouras, etc.
Nesta época, o major Otávio Pitaluga, membro da Comissão Rondon, resolveu fixar residência em Rio Vermelho. Em 1917 formava fazenda ao lado dos goianos, a qual ia do Rio Arareau até o local denominado Porocho. O major Pitaluga chegava com idéia de lançar as bases para uma futura cidade. O projeto tinha por consequência a necessidade de transferência das fazendas do sítio escolhido para outro lugar.
Com o projeto, o nome do povoado Rio Vermelho foi alterado para Rondonópolis e as famílias formadoras desse povoado se sentiram atingidas sentimentalmente. Não era bem aceito o nome de Rondonópolis, depois que as terras e o próprio patrimônio levavam o nome de Rio Vermelho. Mas a vontade do major Otávio Pitaluga se sobrepôs a todos os apegos sentimentais e não havia como contestar sua liderança. Em março de 1919, a denominação passou oficialmente a ser Rondonópolis, em homenagem a Cândido Mariano da Silva Rondon.
Marechal Rondon, que visitava o pequeno lugar de uma só rua, de vez em quando que era um dos lugares prediletos dele. Aproveitava a ocasião para visitar os índios do povo bororo que habitavam na região. Consta que o Marechal Rondon não pode estar presente à festa da nova denominação, dada em sua honra, por se encontrar no Rio de Janeiro, chamado a receber oficialmente sua majestade o Rei Alberto, da Bélgica. A Resolução nº 814, de 8 de outubro de 1920, criou o distrito de Rondonópolis.
Rondonópolis se beneficiou da sua localização privilegiada no entroncamento das rodovias para Campo Grande e Alto Araguaia. O município foi criado pela Lei nº 666, de 10 de dezembro de 1953.
Rondon é conhecido como o mais ilustre dos brasileiros. Faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1958, com quase 93 anos. Patrono das comunicações que ligou o Brasil pelas linhas telegráficas registrou espécies de plantas, pássaros e animais. Fez filmagens e fotografias quando o cinema ainda era incipiente. Por isso Rondon era considerado como um homem visionário, muito além do seu tempo. Contudo, ainda não se escreveu a biografia que a rica vida do Marechal Rondon merece. O sonho de ver o país exibindo ares do chamado primeiro mundo, parece fazer com que aqui só se percebam o valor dos brasileiros responsáveis pelos processos de industrialização. Nesses casos, várias e merecidas biografias já foram escritas. Para o desbravador desses rincões, para o grande ator da luta pela recuperação da dignidade dos nossos irmãos índios, ainda falta alguém com o talento e a determinação do velho Marechal.
Este trabalho serve apenas para divulgar alguns fatos importantes da vida deste grande brasileiro, um dos mais populares personagens das primeiras décadas do século passado, e então, um dos poucos brasileiros de renome internacional.
FONTE DE PESQUISA
BIBLIOGRÁFICA
ALVES, Laci Maria Araújo. Experiências de mulheres.
LMAA Editora, 2001. História da educação. Rondonópolis: Ed UFMT, 1995.
CARMO, Ailon do. Reminiscência de Rondonópolis. Gráfica Modelo. Rondonópolis-MT 2002
ISAAC, Paulo Augusto Mário. Educação escolar indígena Boé-Bororo: alternativa e resistência em Tadarimana. Cuiabá: Instituto de Educação, 1997. (Dissertação de Mestrado).
NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. Aceleração temporal na fronteira: o estudo de caso de Rondonópolis – MT. São Paulo: FFLCH/USP, 1997. Tese de Doutorado.
TESORO, Luci Léa Lopes Martins. Rondonópolis –MT: Um entroncamento de mão única – lembranças e experiências dos pioneiros. São Paulo: 1993.
ARTIGOS
GONÇALVES, Maria Aparecida. Rondonópolis-mt: Elementos de sua História
STEFANINI, Maria Perpetua Texeira. O município de Rondonópolis – MT
ONLINE
http://www.ferias.tur.br/informacoes/4462/rondonopolis-mt.html
2 comentários:
Boa tarde, Parabéns pela pesquisa.
Sou um curioso por Rondonópolis, onde visito todos os anos e tenho parentes por aí.Quero salientar que a primeira mulher de Moisés Cury, se chamava ANA BEATRIZ GONÇALVES CURY, (apelidada de Sinhana), filha de Bartholomeu Gonçalves de Queiroz e Francisca Leite de Queiroz, (Da. Chiquinha).E não sòmente Ana Gonsalves de Queiros como está escrito. Ela faleceu em maio de 1950, vitima de tuberculose na cidade de S.José dos Campos-SP, com 27 anos de idade.
Conheci o Sr. Moisés e suafilha Carmelina, pelos quais não fui bem recebido. Sou filho de Ana Beatriz, nascido aqui em S.J.Campos, e conheci os irmãos de minha mãe alguns ainda em vida, os quais me receberam de braços e coração aberto. Por isso, vou a Rondonópolis anualmente, visitar os primos e uma afilhada. Pelo o que me contam, o mal.Rondon era parente da familia de Ana Beatriz e não do Sr. Moisés. Agradeço a atenção e estou às ordens para mais esclarecimentos se achar necessário. Abraços. José Carlos Gonçalves Profício. E-mail: jose-proficio@ig.com.br
Sim,caro,José.Nossa história esta cheia de surpresas.Amo A genealogia.
Pedro Queiroz,grande amigo de minha mãe(Manoelina Paes de Barros,e de meu Pai,Carlos R Santos,era casado com uma irmã de Moisés Cury,filho de Jorge Cyry e Brandina Cury,cujo Filho Jorge Cury,casado com minha tia paterna Percília. Vou fechar esta genealogia até o fim do ano,se Deus quizer,(Rodrigues,Paes de Barros e outros.
Parabens professora. Belo trabalho!
Benjamim R Santos
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