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Fundação de Roma: A Lenda

VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE: PRIMEIRA CAPITAL DE MATO GROSSO

terça-feira, 1 de dezembro de 2020 ·

 


                                 

CEJA PROF. ALFREDO MARIEN

PROJETO PEDAGÓGICO- 2012

DISCIPLINA: HISTÓRIA

ÁREA: HUMANAS

 


 

VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE: PRIMEIRA CAPITAL DE MATO GROSSO

 

 

 

 

Trabalho apresentado ao Centro de Educação de Jovens e Adultos Prof. Alfredo Marien como um dos requisitos avaliativos na disciplina de História, elaborado sob a orientação da Professora Maria Aparecida Gonçalves.

 

 

 

 

 

Rondonópolis

2012

 

Agradecimentos

 

Agradecemos primeiramente a Deus, que sem ele esse trabalho não seria possível.

À professora Maria Aparecida Gonçalves, orientadora do projeto, agradecemos as valiosas contribuições, compreensão e dedicação.

Ao Exce. Deputado Mauro Savi.

 


Índice:

1 - Objetivos.................................................................................................................05

2 – Considerações Iniciais............................................................................................06

3 – Capítulo I: Vila Bela e seus aspectos históricos e atuais............................................07

4 – Capítulo II: Cultura de Vila Bela...........................................................................12

7 – Considerações Finais..............................................................................................20

8 – Grupo de Pesquisa..................................................................................................21

9 - Anexo......................................................................................................................23

10– Fonte de Pesquisa..................................................................................................25


OBJETIVOS

 

♦ Despertar interesses pelo conhecimento dos aspectos históricos desse município, por meio de pesquisa e trabalho representativo.

♦ Mostrar a importância de Vila Bela da Santíssima Trindade no cenário mato-grossense do século XVIII e atualidade.

♦ Representar por meio de trabalho audiovisual município de Vila Bela da Santíssima Trindade. 


CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 

Nós moradores de Mato Grosso, nascidos aqui ou imigrantes, pouco sabemos sobre esse lugar tão maravilhoso que tem despertado interesses de pessoas do Brasil inteiro e que vem alavancando o turismo local.

Os estudos desenvolvidos ao longo desta pesquisa, focalizando os períodos de 1752 e na atualidade da primeira capital de Mato Grosso no século XVIII, Vila Bela da Santíssima Trindade destaca-se pela sua população, composta de grande número de afrodescendentes.

Vila Bela foi a primeira capital de Mato Grosso, sendo durante muito tempo área de conflito entre os Portugueses e os Espanhóis, que se enfrentaram militarmente na região inúmeras vezes. As ricas minas de ouro de Vila Bela alimentaram com ouro a Europa durante muito tempo e por este motivo, milhares de africanos escravizados foram levados para lá, trabalhando duramente, até a morte ou a fuga para o sertão, onde criavam Quilombos e desenvolviam pequenos reinados.

Para a elaboração deste breve histórico sobre o município de Vila Bela da Santíssima Trindade, Estado de Mato Grosso, buscamos referências em estudos realizados por, João Carlos Vicente Ferreira, Paulo Pitaluga Costa e Silva, Elizabeth Madureira, Janaína Facchinetto.
CAPÍTULO I

Vila Bela da Santíssima Trindade e seus aspectos históricos e atuais

 

Vila Bela da Santíssima Trindade é um município que está situado na região Sudoeste de Mato Grosso (Fig.01), distante de Cuiabá 525 km. Segundo dados da prefeitura, sua extensão territorial é de 12.179,43 km2  e atualmente possui uma população aproximada de 14.105 mil habitantes (IBGE/2010).

A região de Vila Bela da Santíssima Trindade inicialmente era habitada pelos indígenas da tribo Parecis dos quais ainda hoje existem alguns remanescentes. Segundo estudos feitos sobre a origem do povo não se tem nada realmente comprovado.

Quando os portugueses tiveram os primeiros contatos com os indígenas, ouviram-nos pronunciarem a palavra “San Miguel”, o que demonstrava já terem entrados em contato com o homem branco.

Segundo Paulo Pitaluga, a História da ocupação de Vila Bela remonta do século XVIII. mas, os espanhóis chegaram na região a partir de 1547.

João Carlos Vicente Ferreira, no livro Mato Grosso e seus Municípios, aborda as ações dos irmãos Fernando e Artur Paes de Barros que foram os descobridores das Minas do Mato Grosso, nas margens do Rio Galera, no Vale do Guaporé.

Nessa expedição se depararam com uma mata grossa, fechada, com altas árvores, quase impenetrável, que se estendia por quase sete léguas. Denominaram-na de Mato Grosso.

Contudo, posteriormente, em 1746, através de Carta Régia, D. João V determinou a fundação de uma vila nessa região, para servir de ponto de apoio administrativo e militar aos vários pequenos garimpos pulverizados por todo o Vale do Guaporé. 

Mato Grosso inicialmente ainda não era uma capitania, ficando sob os cuidados do capitão-general Rodrigo César de Menezes da capitania de São Paulo, somente no ano de 1748, é criada a Capitania mato-grossense, o que segundo o historiador João Carlos, essa se deu por meio da Carta Régia de 9 de maio de 1748, sendo convocado como representante da Coroa portuguesa D. Antônio Rolim de Moura, sendo o mesmo nomeado o primeiro Capitão General da nova capitania. Para garantir a posse portuguesa no Vale do Guaporé, Rolim de Moura fundou Villa Bela da Santíssima Trindade a 19 de março de 1752, como a primeira capital mato-grossense. Vale lembrar, que a planta da nova capital foi projetada em Portugal, sendo a primeira cidade brasileira planejada.

Ainda segundo, João Carlos, o nome do local onde foi fundada a vila, nas margens do Rio Guaporé era conhecido como Pouso Alegre, foi escolhido o ponto mais ocidental possível do então reino português, para instalar a nova sede da Capitania pelas condições propícias de terreno, solo e possibilidades de defesa. 

Contudo, era difícil o acesso á capital, o suprimento das necessidades dos moradores e de escravos era feito pela Companhia de Abastecimento Grão-Pará e Maranhão, por via fluvial, passando pelos rios Guaporé, Madeira, Amazonas, até entrar no Oceano Atlântico, retornando para Portugal abastecido com ouro e pedras preciosas, etc.

Segundo a pesquisa de Janaína Facchinetto, o plano urbanístico da vila foi elaborado em Portugal (fig. 02), e os projetos das residências (fig. 03), no Rio de Janeiro, porém, ambos tiveram que ser adaptados a realidade local, tais como as elevadas temperaturas, distancia e dificuldade de acesso. Os projetos das casas tiveram de ser simplificados: os sobrados se tornaram casas térreas e foram alargadas, as estruturas tiveram de ser reforçadas por causa do solo e a dificuldade da chegada de materiais nobres fez com que os construtores optassem por usar materiais oriundos da região, como pedras, pau a pique e cobertura de capim. Apenas duas regras eram exigidas: que o traçado retilíneo das ruas fosse mantido, essas com 70 palmos de largura, e que as casas fossem construídas no alinhamento frontal dos terrenos. As construções seguiam o padrão das casas coloniais do século XVIII, retilíneas, com grandes portas e janelas, paredes grossas e telhado com queda de quatro águas. 

O plano previa ainda a construção de dois grandes prédios: a Igreja Matriz (Fig. 04) - Tombada como patrimônio histórico em 1988 - e a Residência dos Governadores, construídos a duras penas pelos escravos. As construções eram de pedra Canga, adquiridas na região. Tão amplas as proporções dos prédios que as construções foram interrompidas várias vezes, por escassez de material ou falta de recurso.

Apesar das dificuldades, no final de 1952, mesmo ano do início das construções, a vila já contava com 16 casas erguidas e em fase de acabamento.

  Contudo, no  início do século XIX,  Cuiabá atraía para si a sede da capitania, e Vila Bela recebia o título de cidade sob dominação de Mato Grosso. Em 28 de agosto de 1835 Cuiabá é transformada em capital e Vila Bela passou às ruínas.

Com o abandono de Villa Bela pelos brancos, os negros construíram inúmeros quilombos nas imediações, com medo de ocupar a cidade e serem pegos desprevenidos numa volta repentina dos brancos. Nesses quilombos faziam plantação de subsistência e praticavam a cultura e religião de acordo com suas crenças. Villa Bela foi complemente abandonada à própria sorte, passando as ruínas. 

Apenas 70 anos após a partida dos brancos os negros ocuparam a cidade, dividindo entre si as antigas casas da elite portuguesa.

A decadência da cidade Mato Grosso foi tão sensível, que a Assembléia Legislativa editou, em 1878, uma lei extinguindo o município, que foi, no entanto, vetada a 11 de dezembro do mesmo ano, pelo presidente da Província Dr. João José Pedrosa. 
A Lei Estadual nº 4.014, de 29 de novembro de 1978, devolveu a denominação antiga ao município: Vila Bela da Santíssima Trindade.

O cotidiano da cidade é pacato. Pessoas caminham tranquilamente pela rua, se instalam na praça em rodinhas de conversa, quase indiferentes à beleza das ruínas que toma todo o centro da praça. 

O traçado urbano é regular, com quadras retangulares e, como a maioria das cidades interioranas, seu movimento gira em torno de uma praça central, onde está instalado o comércio local, composto por pequenas lojas de variedades (roupas, objetos para casa), armazéns e farmácia (Fig. 05).

Sem uma estrutura turística apropriada, a economia de Vila Bela é estagnada. Quando terminam os estudos, os jovens saem da cidade em busca de emprego, ou ficam e “se viram” como podem. Apesar da pobreza e falta de perspectiva futura, o índice de roubo na cidade é quase zero. O que mais se ressalta é a alegria, a amizade e o compartilhar. A solidariedade é marca mais forte desse povo. 

Atualmente, a maioria das casas construídas são de tijolos nus, com esquadrias simples de madeira, telha de barro, beirais estreitos (fig. 06). Fora as ruas que ladeiam a praça, revestidas por paralelepípedo, as demais são de terra batida cujo pó colore as residências e calçadas.  Imponente no centro da praça, a enorme ruínas da antiga igreja serve de fundo para a cidade. Sob ela, a vida corre mansa. E sobre ela, em 02 de maio de 2006, foi inaugurada uma cobertura de estrutura metálica e proteção em policarbonato, a fim de protegê-las da ação do tempo e dos vândalos (Fig. 07). É uma medida emergencial tomada pelos governantes para conter o deterioramento das ruínas que, segundo estudos, não resistiria por mais dez anos. No mesmo dia, foi inaugurado o Museu Aberto, que nada mais é do que a transformação da igreja num espaço de exposição aberto, provocando um intercâmbio de conhecimento entre as ruínas e a cidade.  

É o inicio da restauração de Vila Bela da Santíssima Trindade, após 161 anos de descaso público. 

 

 

 


CAPITÚLO II

CULTURA DE VILA BELA

A festança do Divino

A festa do Divino (Fig.08) realizada uma vez por ano a fim de homenagear o Divino Espírito Santo, a Santíssima Trindade e as Três Pessoas, padroeira do lugar.

É uma grande festa, dividida em duas partes: a preparação, caracterizada por reza, folia, levantamento do mastro e alvorada dançante; a segunda, os rituais, que são reza solene (missa), sorteio dos novos festeiros e os banquetes do dia (almoço e jantar). 

A banda acompanha toda peregrinação. A festa gira em torno de duas bandeiras: a pobre e a rica. A bandeira pobre é levada pelo Alferes da Bandeira, e somente ela pode cruzar todo o município, zona rural e urbana. Quando chega na moradia, a bandeira pobre é recebida com festa e alegria. Comida, bebida e pouso são oferecidos aos que acompanham a marcha, e ganham oferendas para a festa. A bandeira rica é levada pelo Capitão do Mastro, e apenas pode desfilar na zona urbana, porém ela só entra na residência se for chamada, pois é necessário dar algum tipo de prenda em troca de receber a bandeira em sua casa.

Quando as bandeiras se encontram, são unidas e levadas pelo cortejo até a igreja Matriz, onde são hasteadas ao som de cânticos e rezas. A intenção é proteger todo o Vale, permitindo que o fluxo da vida prossiga nas graças do Santo. 


Dança do Chorado

Também chamada de a “Dança das Cozinheiras”, o Chorado (Fig.09) acontecia com frequência durante qualquer ocasião festiva em Vila Bela e nas comunidades rurais do entorno. Dizem que a incorporação do Chorado, como atividade oficial da Festança, ocorreu a partir de 1982, quando foi criado e estruturado o Grupo do Chorado, inclusive com o resgate de antigas músicas e coreografias.

Pelo menos três visões distintas sobre o Chorado circulam em Vila Bela. A primeira é de que ele era um artifício utilizado pelas escravas que habitavam ou trabalhavam junto às casas dos patrões, para manter os mesmos, mais benevolentes e em alguns casos conquistar através da dança favores especiais, principalmente o perdão ou a diminuição de castigos corporais aplicados em outros escravos.

 

A segunda visão é de que as mulheres que trabalhavam nas festas de santos e na própria Festança, produzindo as refeições comunitárias do povo, não tinham tempo de participar dos festejos e por isso, quando as festas acabavam, elas promoviam o “mocororó” (“a rapa da panela”, “o restinho da rapagem”) ou seja, uma confraternização geral entre as equipes da cozinha, animada pelo Chorado, inclusive com a participação de homens que batucavam, cantavam, dançavam e sapateavam. A bebida do “mocororó” era conseguida através da captura de homens curiosos ou velhos conhecidos que passavam nas imediações das cozinhas ou casas. A captura se dava através da laçada do pescoço do mesmo com um lenço comprido que as mulheres do Chorado sempre têm a mão. O homem é puxado com vigor ate o interior do recinto onde ocorre o “mocororó”, normalmente as cozinhas e varandas internas. Lá ele é cercado pelas mulheres que dançam e cantam “esse irimão (irmão) vai pagar, esse irimão vai pagar”. Se o homem desembolsa algum dinheiro e repassa as dançarinas ele é imediatamente solto e as mulheres cantam “homem que tem dinheiro, deita na cama e carinho nele, carinho nele”. Se o homem se recusa a pagar ou não tem dinheiro elas cantam enfezadas “homem que não tem dinheiro, deita na cama e porrete nele, porrete nele”, e ele é solto e esquecido.

A terceira visão é a de que o Chorado era uma das formas de diversão e integração da comunidade incorporada por todos, homens e mulheres com ritmo mais lento e sensual que animava todos os tipos de festas e celebrações e que agora se transformou num símbolo de manifestação cultural do gênero feminino vilabelense. O Chorado foi recriado através de pesquisas com as mulheres mais velhas e transformado no Chorado atual, folclórico e encantador, incorporando ritmos e músicas do batuque e do tambor.

Atualmente, o Chorado está organizado através da Associação da Dança do Chorado de Vila Bela (ADCVB) fundada em 2001, cuja Presidente é Zózima Frazão de Almeida, cantora do grupo e capelona. Abrange cerca de 25 dançarinas, 1 coordenador, 3 cantoras e 2 músicos, utiliza 1 violão e 2 atabaques como instrumentos musicais. A indumentária é festiva, longo vestidos colorido, muitos colares, um lenço comprido, enfeites no cabelo e uma garrafa de kanjinjin para as coreografias dançadas com a garrafa na cabeça. Quase todas as dançarinas são mulheres de meia-idade ou até idosas, não sendo bem vindas as jovens. O Chorado se apresenta em quase todos os eventos públicos que ocorrem na Vila Bela e também, em eventos particulares, podendo ser contratado para isso.

Durante a Festança, o Chorado ocupa uma posição nobre, pois se apresenta no tempo e espaço originalmente destinado ao Congo, ou seja, logo após o final da Missa Solene em ação de graças ao Glorioso São Benedito. Isso gerou uma grande polêmica e um contínuo enfrentamento, principalmente com o Grupo do Congo, que até hoje lamenta o tempo e espaço perdido, alegando que o Chorado não faz parte da tradição devocional e, portanto, não deveria se apresentar no auge da Festa de São Benedito. Alegam ainda, que a apresentação do Congo após a missa, ficou prejudicada por ter menos tempo para a dramatização e também em função do horário ser muito adiantado e o sol estar muito forte, incomodando os festeiros, principalmente os idosos, as autoridades, o público nas arquibancadas e os próprios dançantes que têm que se esforçar mais em função do calor. 


A Dança do Congo

Apesar de ser vista como uma dança, o Congo (Fig. 10) representa mais que isto. O Congo é o guardião de São Benedito, sem o qual os festeiros e os instrumentos rituais que representam o Santo e a Irmandade não podem sair às ruas. Os figurantes do Congo são Soldados da fé, devotos que saem às ruas armados de espadas, com postura militar para escoltar o Santo, demonstrando sua crença e devoção a toda a comunidade.

Através das músicas, comunicam-se com os festeiros e com o público, homenageiam a Irmandade e alegram a comunidade.

O Grupo do Congo é formado por 27 homens adultos e um pré-adolescente, que desempenham as funções de: Rei; Príncipe; Secretário de Guerra; Embaixador; 2 Guieiros; 8 Músicos; 14 Soldados. Conforme o Rei do Congo existem ainda 1 Camareiro e 4 Soldados da Reserva.

Atualmente estão organizados através da Associação da Dança Cultural do Congo (ADCC), criada em 2000 (CNPJ 03.840.441/0001-90), cujo Presidente é o Sr. Joaquim das Neves Fernandes Leite.

O Grupo apresenta-se com indumentária especifica chamada de fardamento, que consiste de camisas de manga comprida, eventualmente camisetas; calça comprida; botinas de couro; capas compridas; faixas peitorais, capacetes com penas de ema; chapéus enfeitados; escudos peitorais; espadas de madeira; cincerros; coroa e bastão de mando.

A função específica do Congo é a de buscar e reunir todos os festeiros de São Benedito, levá-los a missa, buscá-los de volta ao final e com todos os festeiros e familiares reunidos, assim como as autoridades e o povo em geral, apresentar um teatro dramatizando a história do confronto entre o Reinado do Congo simbolizado pelo Rei, seu filho, o Príncipe e seu Secretário de Guerra, e o Reinado de Bamba simbolizado pelo Embaixador e seu exército com 24 Soldados, que ao final são subjugados ao Reinado do Congo pela força e depois pelo milagre de São Benedito.

Após a apresentação, o cortejo com os festeiros e uma pequena multidão são escoltados pelo Congo até a casa da Rainha onde todos são recepcionados com uma chuva de confetes, Chorado, bezéques, muita alegria e confraternização. Logo após, todos se dirigem sob a escolta do Congo ao Centro Comunitário, oferecido pela Rainha. Após o almoço o Congo reinicia a escolta do cortejo de festeiros, entregando o Rei, a Juíza, o Juiz, e as Ramalhetes.

No dia seguinte, há a mesma função de buscar os festeiros e levá-los para a missa, onde serão proclamados os festeiros da próxima festa. Neste dia o trabalho é dobrado, pois o Congo tem que buscar os festeiros atuais e os futuros festeiros, o que aumenta muito o itinerário e o esforço desprendido.

Após a Missa Afro, onde é feita a proclamação e transferência simbólica dos cargos aos novos festeiros, o Congo escolta o cortejo dos festeiros à casa da Juíza e depois ao Centro comunitário para o almoço oferecido pela mesma. Após o almoço o ritual de entrega dos festeiros continua até que todos sejam entregues, o que acontece até o início da noite. Depois disso o Congo se dirige ao pátio frontal da Igreja Matriz onde, junto com uma multidão, cantam e dançam encerrando a festa de São Benedito. 

Dança do Congo: Status e Função

Rei  -  Escolhido pelo próprio grupo do Congo com possíveis interferências da Irmandade de São Benedito. Tem cargo vitalício, mas pode ser substituído por motivo de saúde, velhice, mudança para outra cidade ou por algum conflito interno grave.

O Rei manda simbolicamente em todo o Reinado, incluindo-se aí, todos os Soldados, o Príncipe, o Secretário e o Embaixador de Bamba. Ele é o responsável pelo bom andamento da dança. Preenche as vagas para os “figuras” do Congo, e coordena os ensaios juntamente com o Embaixador. Atualmente, o Rei também é Presidente da Associação do Congo e dirige o “Conguinho”, grupo numeroso de meninos que estão aprendendo a dançar o Congo, tendo já se apresentado em um ou dois eventos públicos em Vila Bela.

Conguinho de Vila Bela

Kanjinjin (Príncipe)  -  Pré-adolescente escolhido pelo Rei, após consultas ao Grupo do Congo e à Irmandade. O Príncipe representa o filho do Rei, o herdeiro do Reinado. Dele se espera valentia, seriedade, obediência e a valorização das tradições.

O Príncipe pode perder seu cargo por diversos fatores como desobediência contínua, comportamento anti-social. Normalmente ele perde o cargo quando entra na adolescência ficando muito grande para representar o papel de Príncipe.

Secretário de Guerra  -  Escolhido pelo Rei entre os figuras do Congo, o Secretário é o braço direito do Rei, tendo papel de destaque na dramatização. Protagoniza várias falas e combates e ao final, vence os soldados inimigos através de um feitiço do Rei e da fé a São Benedito.

Embaixador de Bamba  -  Escolhido pelo ex-Embaixador ou por algum complô interno, o Embaixador é o dono dos Soldados. Juntamente com o Rei, define os itinerários na busca dos festeiros, comanda os Soldados, cobra disciplina e fervor, corrige as músicas e coreografias e determina punições quando necessário.

Guieiros  -  São os dois figuras ou Soldados que vão na linha de frente do Congo. São responsáveis pelo alinhamento do grupo, são “tiradores” das músicas, ajudam o Embaixador com o traçado do itinerário e deslocamento em busca dos festeiros. Seriam os sucessores naturais para o cargo de Embaixador, mas nem sempre isso acontece. 

Músicos  -  São oito figuras ou Soldados que tocam respectivamente: dois chocalhos, dois ganzás, dois bumbos e dois cavaquinhos, fornecendo acompanhamento musical para as cantigas do Congo.

Soldados  -  São dezesseis figuras chamados também de Soldados ou Dançantes, incluindo-se aí, os “Guieiros”. São escolhidos pelo Rei ou assumem alguma “vaga” familiar em substituição a algum parente em caso de morte, doença ou velhice.

Tem que ser negros, de família tradicional, beber pouco, serem devotos de São Benedito, ter boa voz e saber cantar, além de ter boa resistência física e obedecerem sem discussão a hierarquia do Congo.

Bebidas Típicas

 Kangingin (Fig. 11) é uma bebida produzida pelos negros no município de Vila Bela da Santíssima Trindade. É o único local de Mato-Grosso que produz o Kangingin. Dizem ser afrodisíaca, licorosa, revigorante e com sabor acre. Afirmam alguns, ser muito boa pra velho e quem está fraco e sem força para o amor. É muita usada nas festas. Essa bebida ainda é herança do tempo dos escravos.

É um licor feito com raízes e ervas do Vale do Guaporé, antigamente bebido apenas pelos dançarinos da festa do Congo e de São Benedito. Era uma forma de repor as energias, visto que os dançarinos começavam a dançar às 04 horas da manhã e só paravam por volta de 21 horas, quando ainda tinham que participar dos bailes populares. 

Esquenta Xeréca licor energético de progênie africana, nascido em Vila Bela da Santíssima Trindade em 2002, Xeréca é o nome de um instrumento musical africano, e para homenagear a população nativa que é maioria negra, através da sugestão de um percusionista que é considerado um dos maiores do mundo, batizamos o licor no aniversário dos 250 anos da cidade.

 


Considerações Finais

 

Por meio da proposta desenvolvemos o estudo e pesquisa sobre as peculiaridades do município englobando seus aspectos históricos do período de 1752 a atualidade. Para fins de estudo, dividimos a turma em três grupos, onde cada um pesquisou um tema que ao final da pesquisa foi montado esse texto aqui apresentado e uma apresentação aberta à comunidade escolar e localidade.

Nosso trabalho teve como base de pesquisa as fontes bibliográficas e online sobre localização, e aspecto histórico, levantamento de arquivos fotográficos. Esses dados bem como todo levantamento histórico e sócio cultural foram colocados em painéis e slides na apresentação ao público estudantil do Centro de Educação de Jovens e adultos “Prof.” Alfredo Marien e demais comunidades no dia 17 de dezembro de 2012.


Grupo de pesquisa (Fig.12)

 

Professora regente: Maria aparecida Gonçalves

 

Turma: 1ºC Fundamental – Matutino

Antônio Barauna de Souza

Denise Kaline Oliveira sturmer

Heldon Aparecido de Melo

Iracy de Oliveira

Janaina Lima da Conceição

Marcelo dos Santos Vasconcelos

Márcia Mathias

Maria José Lansone da Silva

Maria José de Oliveira

Paulo Sérgio Machado

Selma Aparecida de melo

Sônia Maria dos santos

Valeska Lenuzia dos santos

Vanei Rita dos Santos

Wallace Ricardo Soares Dias

Wilson Coimbra de Lima


ANEXO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


FONTES

 

LIVROS

FERREIRA, João Carlos Vicente. Paulo Pitaluga Costa e Silva. Breve História de Mato Grosso e seus Municípios, Cuiabá, 1994.

FERREIRA, João Carlos Vicente. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá: Secretaria de

Estado de Educação, 2001

MADUREIRA, Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: Da ancestralidade aos dias atuais: entrelinhas, Cuiabá, 2002.

VILELA, Mário.  Festança de Vila bela da Santíssima Trindade. Cuiabá: Secretaria do

Estado de Comunicação social, 2002.

 

ONLINE

http://projetoparaleloquinze.blogspot.com.br/2011/04/o-congo-de-vila-bela.html

Janaína Facchinetto. http://www.arteecidade.ufba.br/p_JAF.pdf -visitado no dia 29/11/2012 as 09:00

                                                                                     

 

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