CEJA PROF.
ALFREDO MARIEN
PROJETO PEDAGÓGICO- 2012
DISCIPLINA: HISTÓRIA
ÁREA: HUMANAS
VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE: PRIMEIRA CAPITAL
DE MATO GROSSO
Trabalho
apresentado ao Centro de Educação de Jovens e Adultos Prof. Alfredo Marien como
um dos requisitos avaliativos na disciplina de História, elaborado sob a
orientação da Professora Maria Aparecida Gonçalves.
Rondonópolis
2012
Agradecimentos
Agradecemos primeiramente a Deus, que sem
ele esse trabalho não seria possível.
À
professora Maria Aparecida Gonçalves, orientadora do projeto, agradecemos as
valiosas contribuições, compreensão e dedicação.
Ao
Exce. Deputado Mauro Savi.
Índice:
1 -
Objetivos.................................................................................................................05
2 – Considerações
Iniciais............................................................................................06
3 – Capítulo I: Vila Bela e seus aspectos
históricos e atuais............................................07
4 – Capítulo II: Cultura de Vila
Bela...........................................................................12
7 – Considerações
Finais..............................................................................................20
8 – Grupo de
Pesquisa..................................................................................................21
9 - Anexo......................................................................................................................23
10– Fonte de Pesquisa..................................................................................................25
OBJETIVOS
♦
Despertar interesses pelo conhecimento dos aspectos históricos desse município,
por meio de pesquisa e trabalho representativo.
♦
Mostrar a importância de Vila Bela da Santíssima Trindade no cenário
mato-grossense do século XVIII e atualidade.
♦
Representar por meio de trabalho audiovisual município de Vila Bela da
Santíssima Trindade.
CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
Nós
moradores de Mato Grosso, nascidos aqui ou imigrantes, pouco sabemos sobre esse
lugar tão maravilhoso que tem despertado interesses de pessoas do Brasil
inteiro e que vem alavancando o turismo local.
Os estudos desenvolvidos
ao longo desta pesquisa, focalizando os períodos de 1752 e na atualidade da primeira capital de Mato Grosso no século XVIII, Vila Bela da Santíssima
Trindade destaca-se pela sua população, composta de grande número de
afrodescendentes.
Vila Bela foi a primeira
capital de Mato Grosso, sendo durante muito tempo área de conflito entre os
Portugueses e os Espanhóis, que se enfrentaram militarmente na região inúmeras
vezes. As ricas minas de ouro de Vila Bela alimentaram com ouro a Europa
durante muito tempo e por este motivo, milhares de africanos escravizados foram
levados para lá, trabalhando duramente, até a morte ou a fuga para o sertão,
onde criavam Quilombos e desenvolviam pequenos reinados.
Para a elaboração deste
breve histórico sobre o município de Vila Bela da Santíssima Trindade, Estado
de Mato Grosso, buscamos referências em estudos realizados por, João Carlos
Vicente Ferreira, Paulo Pitaluga Costa e Silva, Elizabeth Madureira, Janaína
Facchinetto.
CAPÍTULO I
Vila Bela da Santíssima Trindade e
seus aspectos históricos e atuais
Vila Bela da
Santíssima Trindade é um município que está situado na região Sudoeste de Mato
Grosso (Fig.01), distante de Cuiabá 525 km. Segundo dados da prefeitura, sua
extensão territorial é de 12.179,43 km2 e atualmente
possui uma população aproximada de 14.105 mil habitantes (IBGE/2010).
A região de Vila
Bela da Santíssima Trindade inicialmente era habitada pelos indígenas da tribo
Parecis dos quais ainda hoje existem alguns remanescentes. Segundo estudos
feitos sobre a origem do povo não se tem nada realmente comprovado.
Quando os portugueses
tiveram os primeiros contatos com os indígenas, ouviram-nos pronunciarem a
palavra “San Miguel”, o que demonstrava já terem entrados em contato com o
homem branco.
Segundo Paulo Pitaluga, a
História da ocupação de Vila Bela remonta do século XVIII. mas, os espanhóis
chegaram na região a partir de 1547.
João Carlos Vicente
Ferreira, no livro Mato Grosso e seus Municípios, aborda as ações dos irmãos
Fernando e Artur Paes de Barros que foram os descobridores das Minas do Mato
Grosso, nas margens do Rio Galera, no Vale do Guaporé.
Nessa expedição se
depararam com uma mata grossa, fechada, com altas árvores, quase impenetrável,
que se estendia por quase sete léguas. Denominaram-na de Mato Grosso.
Contudo, posteriormente,
em 1746, através de Carta Régia, D. João V determinou a fundação de uma vila
nessa região, para servir de ponto de apoio administrativo e militar aos vários
pequenos garimpos pulverizados por todo o Vale do Guaporé.
Mato Grosso inicialmente
ainda não era uma capitania, ficando sob os cuidados do capitão-general Rodrigo
César de Menezes da capitania de São Paulo, somente no ano de 1748, é criada a
Capitania mato-grossense, o que segundo o historiador João Carlos, essa se deu
por meio da Carta Régia de 9 de maio de 1748, sendo convocado como
representante da Coroa portuguesa D. Antônio Rolim de Moura, sendo o mesmo
nomeado o primeiro Capitão General da nova capitania. Para garantir a posse
portuguesa no Vale do Guaporé, Rolim de Moura fundou Villa Bela da Santíssima
Trindade a 19 de março de 1752, como a primeira capital mato-grossense. Vale
lembrar, que a planta da nova capital foi projetada em Portugal, sendo a
primeira cidade brasileira planejada.
Ainda segundo, João
Carlos, o nome do local onde foi fundada a vila, nas margens do Rio Guaporé era
conhecido como Pouso Alegre, foi escolhido o ponto mais ocidental possível do
então reino português, para instalar a nova sede da Capitania pelas condições
propícias de terreno, solo e possibilidades de defesa.
Contudo, era difícil o
acesso á capital, o suprimento das necessidades dos
moradores e de escravos era feito pela Companhia de Abastecimento Grão-Pará
e Maranhão, por via fluvial, passando pelos rios Guaporé, Madeira, Amazonas,
até entrar no Oceano Atlântico, retornando para Portugal abastecido com ouro e
pedras preciosas, etc.
Segundo a pesquisa de
Janaína Facchinetto, o plano urbanístico da vila foi elaborado em Portugal
(fig. 02), e os projetos das residências (fig. 03), no Rio de Janeiro, porém,
ambos tiveram que ser adaptados a realidade local, tais como as elevadas
temperaturas, distancia e dificuldade de acesso. Os projetos das casas tiveram
de ser simplificados: os sobrados se tornaram casas térreas e foram alargadas,
as estruturas tiveram de ser reforçadas por causa do solo e a dificuldade da
chegada de materiais nobres fez com que os construtores optassem por usar
materiais oriundos da região, como pedras, pau a pique e cobertura de capim.
Apenas duas regras eram exigidas: que o traçado retilíneo das ruas fosse mantido,
essas com 70 palmos de largura, e que as casas fossem construídas no
alinhamento frontal dos terrenos. As construções seguiam o padrão das casas
coloniais do século XVIII, retilíneas, com grandes portas e janelas, paredes
grossas e telhado com queda de quatro águas.
O plano previa ainda a
construção de dois grandes prédios: a Igreja Matriz (Fig. 04) - Tombada como
patrimônio histórico em 1988
- e a Residência dos Governadores, construídos a duras penas pelos escravos. As
construções eram de pedra Canga, adquiridas na região. Tão amplas as proporções
dos prédios que as construções foram interrompidas várias vezes, por escassez
de material ou falta de recurso.
Apesar das dificuldades,
no final de 1952, mesmo ano do início das construções, a vila já contava com 16
casas erguidas e em fase de acabamento.
Contudo, no início do século XIX, Cuiabá atraía para
si a sede da capitania, e Vila Bela recebia o título de cidade sob dominação de
Mato Grosso. Em 28 de agosto de 1835 Cuiabá é transformada em capital e Vila
Bela passou às ruínas.
Com o abandono de Villa
Bela pelos brancos, os negros construíram inúmeros quilombos nas imediações,
com medo de ocupar a cidade e serem pegos desprevenidos numa volta repentina
dos brancos. Nesses quilombos faziam plantação de subsistência e praticavam a
cultura e religião de acordo com suas crenças. Villa Bela foi complemente
abandonada à própria sorte, passando as ruínas.
Apenas 70 anos após a
partida dos brancos os negros ocuparam a cidade, dividindo entre si as antigas
casas da elite portuguesa.
A decadência da cidade
Mato Grosso foi tão sensível, que a Assembléia Legislativa editou, em 1878, uma
lei extinguindo o município, que foi, no entanto, vetada a 11 de dezembro do
mesmo ano, pelo presidente da Província Dr. João José Pedrosa.
A Lei Estadual nº 4.014, de 29 de novembro de 1978, devolveu a denominação
antiga ao município: Vila Bela da Santíssima Trindade.
O cotidiano da cidade é
pacato. Pessoas caminham tranquilamente pela rua, se instalam na praça em
rodinhas de conversa, quase indiferentes à beleza das ruínas que toma todo o
centro da praça.
O traçado urbano é
regular, com quadras retangulares e, como a maioria das cidades interioranas,
seu movimento gira em torno de uma praça central, onde está instalado o
comércio local, composto por pequenas lojas de variedades (roupas, objetos para
casa), armazéns e farmácia (Fig. 05).
Sem uma estrutura
turística apropriada, a economia de Vila Bela é estagnada. Quando terminam os
estudos, os jovens saem da cidade em busca de emprego, ou ficam e “se viram”
como podem. Apesar da pobreza e falta de perspectiva futura, o índice de roubo
na cidade é quase zero. O que mais se ressalta é a alegria, a amizade e o
compartilhar. A solidariedade é marca mais forte desse povo.
Atualmente, a maioria das
casas construídas são de tijolos nus, com esquadrias simples de madeira, telha
de barro, beirais estreitos (fig. 06). Fora as ruas que ladeiam a praça, revestidas
por paralelepípedo, as demais são de terra batida cujo pó colore as residências
e calçadas. Imponente no centro da
praça, a enorme ruínas da antiga igreja serve de fundo para a cidade. Sob ela,
a vida corre mansa. E sobre ela, em 02 de maio de 2006, foi inaugurada uma
cobertura de estrutura metálica e proteção em policarbonato, a fim de
protegê-las da ação do tempo e dos vândalos (Fig. 07). É uma medida emergencial
tomada pelos governantes para conter o deterioramento das ruínas que, segundo
estudos, não resistiria por mais dez anos. No mesmo dia, foi inaugurado o Museu
Aberto, que nada mais é do que a transformação da igreja num espaço de
exposição aberto, provocando um intercâmbio de conhecimento entre as ruínas e a
cidade.
É o inicio da restauração
de Vila Bela da Santíssima Trindade, após 161 anos de descaso público.
CAPITÚLO II
CULTURA DE VILA BELA
A festança do Divino
A festa do Divino
(Fig.08) realizada uma vez por ano a fim de homenagear o Divino Espírito Santo,
a Santíssima Trindade e as Três Pessoas, padroeira do lugar.
É uma grande festa,
dividida em duas partes: a preparação, caracterizada por reza, folia,
levantamento do mastro e alvorada dançante; a segunda, os rituais, que são reza
solene (missa), sorteio dos novos festeiros e os banquetes do dia (almoço e
jantar).
A banda acompanha toda
peregrinação. A festa gira em torno de duas bandeiras: a pobre e a rica. A
bandeira pobre é levada pelo Alferes da Bandeira, e somente ela pode cruzar
todo o município, zona rural e urbana. Quando chega na moradia, a bandeira
pobre é recebida com festa e alegria. Comida, bebida e pouso são oferecidos aos
que acompanham a marcha, e ganham oferendas para a festa. A bandeira rica é
levada pelo Capitão do Mastro, e apenas pode desfilar na zona urbana, porém ela
só entra na residência se for chamada, pois é necessário dar algum tipo de
prenda em troca de receber a bandeira em sua casa.
Quando as bandeiras se
encontram, são unidas e levadas pelo cortejo até a igreja Matriz, onde são
hasteadas ao som de cânticos e rezas. A intenção é proteger todo o Vale,
permitindo que o fluxo da vida prossiga nas graças do Santo.
Dança do Chorado
Também chamada de a
“Dança das Cozinheiras”, o Chorado (Fig.09) acontecia com frequência durante
qualquer ocasião festiva em Vila Bela e nas comunidades rurais do entorno.
Dizem que a incorporação do Chorado, como atividade oficial da Festança,
ocorreu a partir de 1982, quando foi criado e estruturado o Grupo do Chorado,
inclusive com o resgate de antigas músicas e coreografias.
Pelo menos três visões
distintas sobre o Chorado circulam em Vila Bela. A primeira é de que ele era um
artifício utilizado pelas escravas que habitavam ou trabalhavam junto às casas
dos patrões, para manter os mesmos, mais benevolentes e em alguns casos
conquistar através da dança favores especiais, principalmente o perdão ou a
diminuição de castigos corporais aplicados em outros escravos.
A segunda visão é de que as mulheres que
trabalhavam nas festas de santos e na própria Festança, produzindo as refeições
comunitárias do povo, não tinham tempo de participar dos festejos e por isso,
quando as festas acabavam, elas promoviam o “mocororó” (“a rapa da panela”, “o
restinho da rapagem”) ou seja, uma confraternização geral entre as equipes da
cozinha, animada pelo Chorado, inclusive com a participação de homens que
batucavam, cantavam, dançavam e sapateavam. A bebida do “mocororó” era
conseguida através da captura de homens curiosos ou velhos conhecidos que
passavam nas imediações das cozinhas ou casas. A captura se dava através da
laçada do pescoço do mesmo com um lenço comprido que as mulheres do Chorado
sempre têm a mão. O homem é puxado com vigor ate o interior do recinto onde
ocorre o “mocororó”, normalmente as cozinhas e varandas internas. Lá ele é
cercado pelas mulheres que dançam e cantam “esse irimão (irmão) vai pagar, esse
irimão vai pagar”. Se o homem desembolsa algum dinheiro e repassa as dançarinas
ele é imediatamente solto e as mulheres cantam “homem que tem dinheiro, deita
na cama e carinho nele, carinho nele”. Se o homem se recusa a pagar ou não tem
dinheiro elas cantam enfezadas “homem que não tem dinheiro, deita na cama e
porrete nele, porrete nele”, e ele é solto e esquecido.
A
terceira visão é a de que o Chorado era uma das formas de diversão e integração
da comunidade incorporada por todos, homens e mulheres com ritmo mais lento e
sensual que animava todos os tipos de festas e celebrações e que agora se
transformou num símbolo de manifestação cultural do gênero feminino
vilabelense. O Chorado foi recriado através de pesquisas com as mulheres mais
velhas e transformado no Chorado atual, folclórico e encantador, incorporando
ritmos e músicas do batuque e do tambor.
Atualmente, o Chorado está organizado através
da Associação da Dança do Chorado de Vila Bela (ADCVB) fundada em 2001, cuja
Presidente é Zózima Frazão de Almeida, cantora do grupo e capelona. Abrange
cerca de 25 dançarinas, 1 coordenador, 3 cantoras e 2 músicos, utiliza 1 violão
e 2 atabaques como instrumentos musicais. A indumentária é festiva, longo
vestidos colorido, muitos colares, um lenço comprido, enfeites no cabelo e uma
garrafa de kanjinjin para as coreografias dançadas com a garrafa na cabeça.
Quase todas as dançarinas são mulheres de meia-idade ou até idosas, não sendo
bem vindas as jovens. O Chorado se apresenta em quase todos os eventos públicos
que ocorrem na Vila Bela e também, em eventos particulares, podendo ser
contratado para isso.
Durante a Festança, o Chorado ocupa uma
posição nobre, pois se apresenta no tempo e espaço originalmente destinado ao
Congo, ou seja, logo após o final da Missa Solene em ação de graças ao Glorioso
São Benedito. Isso gerou uma grande polêmica e um contínuo enfrentamento,
principalmente com o Grupo do Congo, que até hoje lamenta o tempo e espaço
perdido, alegando que o Chorado não faz parte da tradição devocional e,
portanto, não deveria se apresentar no auge da Festa de São Benedito. Alegam
ainda, que a apresentação do Congo após a missa, ficou prejudicada por ter
menos tempo para a dramatização e também em função do horário ser muito
adiantado e o sol estar muito forte, incomodando os festeiros, principalmente
os idosos, as autoridades, o público nas arquibancadas e os próprios dançantes
que têm que se esforçar mais em função do calor.
A Dança do Congo
Apesar
de ser vista como uma dança, o Congo (Fig. 10) representa mais que isto. O
Congo é o guardião de São Benedito, sem o qual os festeiros e os instrumentos
rituais que representam o Santo e a Irmandade não podem sair às ruas. Os
figurantes do Congo são Soldados da fé, devotos que saem às ruas armados de
espadas, com postura militar para escoltar o Santo, demonstrando sua crença e
devoção a toda a comunidade.
Através
das músicas, comunicam-se com os festeiros e com o público, homenageiam a
Irmandade e alegram a comunidade.
O
Grupo do Congo é formado por 27 homens adultos e um pré-adolescente, que
desempenham as funções de: Rei; Príncipe; Secretário de Guerra; Embaixador; 2
Guieiros; 8 Músicos; 14 Soldados. Conforme o Rei do Congo existem ainda 1
Camareiro e 4 Soldados da Reserva.
Atualmente
estão organizados através da Associação da Dança Cultural do Congo (ADCC),
criada em 2000 (CNPJ 03.840.441/0001-90), cujo Presidente é o Sr. Joaquim das
Neves Fernandes Leite.
O
Grupo apresenta-se com indumentária especifica chamada de fardamento, que
consiste de camisas de manga comprida, eventualmente camisetas; calça comprida;
botinas de couro; capas compridas; faixas peitorais, capacetes com penas de
ema; chapéus enfeitados; escudos peitorais; espadas de madeira; cincerros; coroa
e bastão de mando.
A
função específica do Congo é a de buscar e reunir todos os festeiros de São
Benedito, levá-los a missa, buscá-los de volta ao final e com todos os
festeiros e familiares reunidos, assim como as autoridades e o povo em geral,
apresentar um teatro dramatizando a história do confronto entre o Reinado do
Congo simbolizado pelo Rei, seu filho, o Príncipe e seu Secretário de Guerra, e
o Reinado de Bamba simbolizado pelo Embaixador e seu exército com 24 Soldados,
que ao final são subjugados ao Reinado do Congo pela força e depois pelo
milagre de São Benedito.
Após
a apresentação, o cortejo com os festeiros e uma pequena multidão são
escoltados pelo Congo até a casa da Rainha onde todos são recepcionados com uma
chuva de confetes, Chorado, bezéques, muita alegria e confraternização. Logo
após, todos se dirigem sob a escolta do Congo ao Centro Comunitário, oferecido
pela Rainha. Após o almoço o Congo reinicia a escolta do cortejo de festeiros,
entregando o Rei, a Juíza, o Juiz, e as Ramalhetes.
No
dia seguinte, há a mesma função de buscar os festeiros e levá-los para a missa,
onde serão proclamados os festeiros da próxima festa. Neste dia o trabalho é
dobrado, pois o Congo tem que buscar os festeiros atuais e os futuros
festeiros, o que aumenta muito o itinerário e o esforço desprendido.
Após
a Missa Afro, onde é feita a proclamação e transferência simbólica dos cargos
aos novos festeiros, o Congo escolta o cortejo dos festeiros à casa da Juíza e
depois ao Centro comunitário para o almoço oferecido pela mesma. Após o almoço
o ritual de entrega dos festeiros continua até que todos sejam entregues, o que
acontece até o início da noite. Depois disso o Congo se dirige ao pátio frontal
da Igreja Matriz onde, junto com uma multidão, cantam e dançam encerrando a
festa de São Benedito.
Dança
do Congo: Status e Função
Rei
- Escolhido pelo próprio grupo do Congo com possíveis interferências da
Irmandade de São Benedito. Tem cargo vitalício, mas pode ser substituído por
motivo de saúde, velhice, mudança para outra cidade ou por algum conflito
interno grave.
O
Rei manda simbolicamente em todo o Reinado, incluindo-se aí, todos os Soldados,
o Príncipe, o Secretário e o Embaixador de Bamba. Ele é o responsável pelo bom
andamento da dança. Preenche as vagas para os “figuras” do Congo, e coordena os
ensaios juntamente com o Embaixador. Atualmente, o Rei também é Presidente da
Associação do Congo e dirige o “Conguinho”, grupo numeroso de meninos que estão
aprendendo a dançar o Congo, tendo já se apresentado em um ou dois eventos
públicos em Vila Bela.
Conguinho
de Vila Bela
Kanjinjin
(Príncipe) - Pré-adolescente escolhido pelo Rei, após consultas ao
Grupo do Congo e à Irmandade. O Príncipe representa o filho do Rei, o herdeiro
do Reinado. Dele se espera valentia, seriedade, obediência e a valorização das
tradições.
O
Príncipe pode perder seu cargo por diversos fatores como desobediência
contínua, comportamento anti-social. Normalmente ele perde o cargo quando entra
na adolescência ficando muito grande para representar o papel de Príncipe.
Secretário
de Guerra - Escolhido pelo Rei entre os figuras do Congo, o
Secretário é o braço direito do Rei, tendo papel de destaque na dramatização.
Protagoniza várias falas e combates e ao final, vence os soldados inimigos
através de um feitiço do Rei e da fé a São Benedito.
Embaixador
de Bamba - Escolhido pelo ex-Embaixador ou por algum complô
interno, o Embaixador é o dono dos Soldados. Juntamente com o Rei, define os
itinerários na busca dos festeiros, comanda os Soldados, cobra disciplina e
fervor, corrige as músicas e coreografias e determina punições quando
necessário.
Guieiros
- São os dois figuras ou Soldados que vão na linha de frente do Congo.
São responsáveis pelo alinhamento do grupo, são “tiradores” das músicas, ajudam
o Embaixador com o traçado do itinerário e deslocamento em busca dos festeiros.
Seriam os sucessores naturais para o cargo de Embaixador, mas nem sempre isso
acontece.
Músicos
- São oito figuras ou Soldados que tocam respectivamente: dois chocalhos,
dois ganzás, dois bumbos e dois cavaquinhos, fornecendo acompanhamento musical
para as cantigas do Congo.
Soldados
- São dezesseis figuras chamados também de Soldados ou Dançantes,
incluindo-se aí, os “Guieiros”. São escolhidos pelo Rei ou assumem alguma
“vaga” familiar em substituição a algum parente em caso de morte, doença ou
velhice.
Tem
que ser negros, de família tradicional, beber pouco, serem devotos de São
Benedito, ter boa voz e saber cantar, além de ter boa resistência física e
obedecerem sem discussão a hierarquia do Congo.
Bebidas
Típicas
Kangingin (Fig. 11) é
uma bebida produzida pelos negros no município de Vila Bela da Santíssima
Trindade. É o único local de Mato-Grosso que produz o Kangingin. Dizem ser
afrodisíaca, licorosa, revigorante e com sabor acre. Afirmam alguns, ser muito
boa pra velho e quem está fraco e sem força para o amor. É muita usada nas
festas. Essa bebida ainda é herança do tempo dos escravos.
É um
licor feito com raízes e ervas do Vale do Guaporé, antigamente bebido apenas
pelos dançarinos da festa do Congo e de São Benedito. Era uma forma de repor as
energias, visto que os dançarinos começavam a dançar às 04 horas da manhã e só
paravam por volta de 21 horas, quando ainda tinham que participar dos bailes
populares.
Esquenta Xeréca licor
energético de progênie africana, nascido em Vila Bela da Santíssima Trindade em
2002, Xeréca é o nome de um instrumento musical africano, e para homenagear a
população nativa que é maioria negra, através da sugestão de um percusionista
que é considerado um dos maiores do mundo, batizamos o licor no aniversário dos
250 anos da cidade.
Considerações Finais
Por
meio da proposta desenvolvemos o estudo e pesquisa sobre as peculiaridades do
município englobando seus aspectos históricos do período de 1752 a atualidade.
Para fins de estudo, dividimos a turma em três grupos, onde cada um pesquisou
um tema que ao final da pesquisa foi montado esse texto aqui apresentado e uma
apresentação aberta à comunidade escolar e localidade.
Nosso trabalho teve
como base de pesquisa as fontes bibliográficas e online sobre localização, e
aspecto histórico, levantamento de arquivos fotográficos. Esses dados bem como
todo levantamento histórico e sócio cultural foram colocados em painéis e
slides na apresentação ao público estudantil do Centro de Educação de Jovens e
adultos “Prof.” Alfredo Marien e demais comunidades no dia 17 de dezembro de
2012.
Grupo de pesquisa (Fig.12)
Professora regente: Maria aparecida
Gonçalves
Turma:
1ºC Fundamental – Matutino
Antônio
Barauna de Souza
Denise
Kaline Oliveira sturmer
Heldon
Aparecido de Melo
Iracy
de Oliveira
Janaina
Lima da Conceição
Marcelo
dos Santos Vasconcelos
Márcia
Mathias
Maria
José Lansone da Silva
Maria
José de Oliveira
Paulo
Sérgio Machado
Selma
Aparecida de melo
Sônia
Maria dos santos
Valeska
Lenuzia dos santos
Vanei
Rita dos Santos
Wallace
Ricardo Soares Dias
Wilson
Coimbra de Lima
ANEXO
FONTES
LIVROS
FERREIRA, João
Carlos Vicente. Paulo Pitaluga Costa e Silva. Breve História de Mato Grosso e
seus Municípios, Cuiabá, 1994.
FERREIRA, João
Carlos Vicente. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá: Secretaria de
Estado de
Educação, 2001
MADUREIRA,
Elizabeth Madureira. História de Mato Grosso: Da ancestralidade aos dias
atuais: entrelinhas, Cuiabá, 2002.
VILELA,
Mário. Festança de Vila bela da
Santíssima Trindade. Cuiabá: Secretaria do
Estado de
Comunicação social, 2002.
ONLINE
http://projetoparaleloquinze.blogspot.com.br/2011/04/o-congo-de-vila-bela.html
Janaína Facchinetto. http://www.arteecidade.ufba.br/p_JAF.pdf
-visitado no dia 29/11/2012 as 09:00
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